Satélites da Nasa registram degelo incomum na superfície da Groenlândia
25 de julho de 2012Um fenômeno registrado na Groenlândia chamou a atenção dos pesquisadores: em apenas quatro dias, entre 8 e 12 de julho, o degelo da massa polar que cobre o território saltou de 40% para 97% da superfície da grande ilha no extremo norte do globo.
Três satélites da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) observaram o que eles chamaram de um degelo sem precedentes. Nos últimos 30 anos, o maior registro feito pelos satélites havia sido de 55%. A maior parte das camadas mais largas de gelo, porém, permaneceram intactas.
Lora Koenig, especialista em geleiras no centro Goddard da Nasa, explica que o fenômeno acontece a cada 150 anos. O último registro de um acontecimento semelhante é de 1889. No entanto, ela acredita que o derretimento deste ano pode ter implicações.
"Se continuarmos a observar eventos como este nos próximos anos, será preocupante", disse Koenig.
Segundo a Nasa, durante o verão do hemisfério norte (de junho a setembro), em média cerca de metade da superfície da Groenlândia costuma derreter naturalmente. A maior parte do gelo derretido em altitudes elevadas volta a congelar rapidamente. Já na costa, uma parte da água é retida pela camada de gelo. A outra é liberada para o oceano.
Não era erro
Em um comunicado divulgado no site da Nasa na terça-feira (24/07), os cientistas admitem que a diferença entre as imagens do dia 8 e do dia 12 era tão grande que pensaram haver algum erro. "Era tão extraordinário que no início questionei o resultado: era mesmo real ou ele se devia a uma falha nos dados?", diz Son Nghiem, do laboratório de propulsão a jato da Nasa, em Pasadena.
A notícia foi divulgada poucos dias após imagens de um satélite da agência norte-americana terem mostrado um iceberg duas vezes o tamanho da ilha de Manhattan se desprender da geleira de Peterman, também na Groenlândia. Pesquisadores agora querem avaliar se este derretimento, que coincide com uma forte onda de ar quente sobre a Groenlândia, vai contribuir com o futuro aumento do nível dos oceanos.
"O fato de vermos eventos extremos em função do aquecimento global nos últimos anos não chega a ser intrigante. É até mesmo esperado", afirma Anders Levermann, professor de dinâmica de sistemas climáticos do Instituto Potsdam, na Alemanha.
"Por enquanto não temos como medir as consequências. Não sabemos o que significa um período de derretimento tão extremo. Neste momento nós só sabemos que mais água está fluindo para o oceano", diz.
MSB/dpa/ap/afp/lusa
Revisão: Francis França