Fim de uma era
25 de agosto de 2011O anúncio da saída de Steve Jobs da presidência-executiva da Apple nesta quarta-feira (24/08) provocou uma onda de tributos de leste a oeste do globo. De fãs anônimos a executivos de alto escalão da indústria digital, a notícia causou choque e especulações sobre o motivo da renúncia de Jobs.
"Eu sempre disse que se um dia eu não conseguisse mais cumprir minhas obrigações e atender às expectativas como presidente da Apple, eu seria o primeiro a comunicar o fato. Infelizmente, esse dia chegou", diz a nota assinada por Jobs, de apenas cinco parágrafos.
O cargo será assumido por Tim Cook, tido como o braço direito do executivo que já cumpre essa função desde 17 de janeiro último, quando Jobs saiu em licença médica. Cook exerceu o posto de presidente-executivo nas duas vezes que o co-fundador da Apple precisou se ausentar por motivos de saúde.
Steve Jobs passará a exercer uma atividade até então inexistente na empresa. "Eu gostaria de servir, se o Conselho enxergar a possibilidade, como presidente do Conselho, diretor e funcionário da Apple", pediu. A resposta foi positiva.
Futuro dos negócios
O executivo, de 56 anos, sofre de um tipo raro de câncer no pâncreas. A nota que comunicou sua renúncia não informou o atual estado de saúde de Jobs – o temor, no entanto, é que ela tenha se deteriorado. A última aparição pública dele foi no lançamento da nova versão do iPad, em março, e como convidado de Barack Obama num jantar oferecido a líderes da área de tecnologia.
A notícia levantou uma série de questionamentos sobre o futuro da Apple e sua capacidade de continuar inovando. Além do iPad, sob o comando de Jobs a empresa trouxe ao mercado o iPhone, que revolucionou o setor e ganhou rapidamente milhares de fãs.
Enquanto o executivo sempre gozou da confiança também dos investidores de Wall Street. Cook ainda é um desconhecido nesse meio – apesar de ser considerado como uma aposta segurança para gerir o império da Apple.
Depois do anúncio de Jobs, as ações da empresa caíram 7%. Por outro lado, a rival Samsung viu suas ações subirem 3% – a companhia asiática é a principal fornecedora de chips da Apple e concorrente de vendas de smartphones e tablets.
Histórico de sucesso
"Steve Jobs é o CEO mais bem-sucedido dos Estados Unidos dos últimos 25 anos. Ele combina de forma única o toque artístico e a visão de engenheiro para montar uma companhia extraordinária... Um dos grandes líderes norte-americanos da história", reagiu Eric Schmidt, presidente da Google.
Steve Jobs fundou a Apple Computer no fim da década de 1970, com o amigo Steve Wozniak. Como muitas empresas do Vale do Silício, o empreendimento nasceu como um negócio de "garagem". Depois de introduzir o Apple 1, foi a segunda geração de computadores da marca que ganhou fama e destaque na indústria, em 1977. Em 1980, a oferta de ações da Apple fez de Job um multimilionário.
Mesmo com o bom desempenho da empresa, a difícil relação de Jobs com os demais executivos culminou na sua demissão, em 1985. A marca passou a ter uma performance mais fraca, mas, em 1997, o quadro mudou novamente: Jobs voltou à cena depois da aquisição de sua empresa de computadores, NeXT, pela Apple.
O primeiro produto lançado sob a nova direção foi o iMac, em 1998, que vendeu 2 milhões de unidades no primeiro ano. Em 2000 a popularidade da Apple explodiu com a chegada do iPod, seguido pelo iPhone, em 2007, e o iPad, em 2010.
Em 2004, Jobs revelou que havia estado doente, mas já estava curado. Em 2009, ele pareceu novamente debilitado. Sua renúncia do cargo de presidente-executivo é vista como o fim de uma era na Apple.
NP/rts/ap
Revisão: Alexandre Schossler