Schröder conclama à completa reforma da Otan
12 de fevereiro de 2005
Com uma crítica sobre a situação da Otan e a reivindicação de reformas básicas, o chanceler alemão Gerhard Schröder deu início a um debate sobre o futuro da Aliança Atlântica. Schröder não esteve presente na Conferência de Política de Segurança, em Munique, por motivo de saúde. Seu discurso foi lido pelo ministro alemão da Defesa, Peter Struck.
Segundo as palavras do chefe de governo alemão, a Otan ainda não se adaptou inteiramente à nova situação de segurança no mundo. Ele propôs a constituição de um grêmio de alto nível, composto de personalidades independentes, com a tarefa de elaborar as propostas de reforma até o ano de 2006. "Com base em tal análise e nas sugestões a serem feitas, pode-se tirar então as conclusões necessárias", afirmou Schröder.
Diálogo defasado
Na sua análise da Aliança Atlântica, o chanceler afirmou que houve "desentendimentos, agravos, desconfianças, até mesmo tensões entre os dois lados do Atlântico" nos anos passados. Hoje, a Otan já não é mais o fórum principal, em que os parceiros transatlânticos consultam e coordenam suas concepções estratégicas, declarou Schröder.
Também o diálogo entre a União Européia e os Estados Unidos já não corresponde mais nem ao peso crescente da Europa, nem às exigências da cooperação transatlântica. "Espero que, em ambos os casos, possam surgir novos impulsos com a visita do presidente americano a Bruxelas, em 22 de fevereiro", ressaltou o chanceler alemão.
Parceiros ocasionais
O secretário americano da Defesa, Donald Rumsfeld, mostrou-se reservado quanto às críticas de Gerhard Schröder. Ele elogiou a Otan como a aliança militar mais impressionante "na história da humanidade" e chamou a atenção para a força conjunta da Aliança.
Rumsfeld contestou, afirmando que o fórum de debate das questões transatlânticas é "claramente" a Otan. Os membros da Aliança têm a seu ver um inimigo comum, os muçulmanos radicais, que nenhuma nação pode combater sozinha. Apesar de defender a Otan, Donald Rumsfeld deixou claro que os Estados Unidos buscarão parceiros ocasionais no futuro: "A missão determinará a coalizão a ser composta", afirmou.
Reaproximação
Depois que a invasão do Iraque pelos EUA provocou debates exasperados e controvérsia pública na Conferência de Política de Segurança dos últimos dois anos, Rumsfeld esforçou-se desta vez para por um fim às desavenças.
Divergências de opinião sempre existiram na história da Otan. Mas acima delas sempre estiveram os valores comuns, a história comum e a crença comum na democracia, afirmou o secretário da Defesa. "União quer dizer metas comuns, mas não necessariamente formas iguais ou opiniões idênticas", declarou Rumsfeld.
Críticas a Schröder
O secretário-geral da Otan, Jaap de Hoop Scheffer, refutou as críticas de Schröder sobre a situação a Aliança Atlântica. A Otan não está enferma, mas cresce e mostra-se viçosa. E já se encontra num processo de reforma, que terá prosseguimento, afirmou.
Também os políticos alemães da oposição criticaram a iniciativa lançada por Schröder. A chefe da União Democrata Cristã (CDU), Angela Merkel, conclamou os europeus à coesão com os Estados Unidos nas questões de política de segurança.
O chefe do Partido Liberal Democrático (FDP), Guido Westerwelle, manifestou o temor de que a iniciativa do chanceler aumente ainda mais a distância entre Berlim e Washington. Para Westerwelle, a proposta de Schröder foi "um grande erro".