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Schröder deixa comando de seu partido

rw6 de fevereiro de 2004

Chefe de governo alemão causou surpresa ao anunciar a renúncia à presidência de seu Partido Social Democrata. Aprovação de apenas 24% do eleitorado e clamores por mudanças no gabinete pressionaram a decisão.

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"Fazer o importante", reza o pôster atrás de SchröderFoto: AP

O chanceler federal da Alemanha, Gerhard Schröder, renunciou de forma inesperada à presidência do Partido Social Democrata (SPD) nesta sexta-feira (6), anunciando como seu sucessor Franz Müntefering, de 64 anos, atual líder da bancada social-democrata no parlamento (Bundestag).

Nos últimos dias aumentaram as críticas das bases, clamando por mudanças dentro do SPD. Acima de tudo as reformas na saúde e as previstas na previdência, a crise econômica e as panes na implantação do sistema via satélite de pedágio para caminhões diminuíram a popularidade do governo.

Popularidade em baixa

Uma pesquisa do instituto Forsa revelou que, se as eleições fossem hoje, o partido de Schröder receberia 24% dos votos, enquanto a União Democrata Cristã (CDU) e a União Social Cristã (CSU) ficariam com 49%. O Partido Verde conseguiria 10% e o Liberal, 8%.

No início de um ano com 14 eleições no país, a decisão surpreendente de Schröder, de 59 anos, é vista pela oposição como o primeiro sinal da derrocada do chefe de governo. Ao anunciarem a mudança, Schröder e Müntefering comunicaram também a saída do controvertido secretário-geral Olaf Scholz, mas não se posicionaram sobre uma reforma do gabinete de ministros. Desde sua nomeação, em 2002, Scholz nunca conseguira se impor no cargo.

Presidência do partido x chefia de governo

O chanceler federal havia assumido a presidência do partido em março de 1999, após a renúncia de Oskar Lafontaine. Já neste sábado, numa reunião extraordinária da cúpula social-democrata, Schröder pretende sugerir Müntefering como seu sucessor. A eleição se daria numa convenção extraordinária do SPD, em março, quando também deverá ser escolhido o sucessor de Scholz.

A decisão de que a chefia de governo e a presidência do partido devem ser exercidas por duas pessoas diferentes já teria sido tomada há várias semanas, mas só seria anunciada após as eleições em Hamburgo, marcadas para 29 de fevereiro, escreveu a agência de notícias Reuters.

Políticos social-democratas acreditam que a gota d'água tenha sido uma reunião do diretório esta semana, em que as bases teriam manifestado seu desespero em relação ao futuro do SPD.

Os críticos dentro do próprio partido aplaudiram a saída de Schröder da presidência. Por seu lado, o Partido Verde, parceiro de coalizão, não vê a renúncia com uma ameaça à política de reformas de Berlim. Angela Merkel e Edmund Stoiber, presidentes da CDU e da CSU, respectivamente, exigiram que Schröder também renuncie à chefia de governo.

Chance de recomeço

A dois anos e meio das próximas eleições federais, Schröder e Müntefering argumentaram a decisão com "a necessidade de um recomeço". Para o presidente interino, a quem a presidência do SPD é o melhor cargo depois do de papa, agora é preciso se engajar no processo de reformas e reconquistar a confiança da sociedade.

Também o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, IG Metall, vê na mudança uma chance para recomeçar. A corajosa decisão do chanceler federal abre ao partido a possibilidade de retomar a tradicional linha do partido, disse Jürgen Peters.

Outro que aprovou a renúncia é o cientista político Franz Walter. Ele vê boas perspectivas para o SPD: "A social-democracia sempre teve êxito com a separação dos dois mandatos. Isto pode criar um equilíbrio, que dá mais força ao partido, e não enfraquece necessariamente a concentração de poder do chanceler federal."