Schröder em busca de negócios da China
5 de dezembro de 2004A China é o principal parceiro comercial da Alemanha na Ásia. 1800 empresas alemãs fornecem mercadorias a compradores chineses. Apenas no primeiro semestre deste ano, as exportações da Alemanha para a China cresceram em torno de 27%. E estima-se ainda que o atual volume de negócios, no valor de 43 bilhões de euros, deva ser duplicado.
Números que explicam o enorme interesse do empresariado alemão em acompanhar o premiê Gerhard Schröder em sua sexta viagem à China, para onde embarca neste domingo (5/12). Entre outros, seguem rumo ao país executivos de grupos como Siemens, Allianz, Degussa ou EADS. Em Pequim, devem ser assinados mais de vinte contratos entre empresas alemãs e a China, envolvendo bilhões de euros.
Trens, aviões, carros e até revistas
Se tudo correr como esperado, a China não deverá comprar apenas trens de alta velocidade da Alemanha, mas também encomendar mais de 20 aviões Airbus, numa transação comercial em torno de um bilhão de euros. Também o fornecimento de 180 locomotivas pela Siemens ao país, no valor de 360 milhões de euros, deverá ser definido durante a visita. Até mesmo a editora alemã Springer pretende adentrar o mercado chinês, com a publicação de revistas sobre automóveis.
Para a indústria automobilística alemã, as expectativas de expansão no país são verdadeiros “negócios da China”. Nesta segunda-feira (6/12), Schröder deverá alinhavar os primeiros pontos para a criação de uma unidade da DaimlerChrysler em Pequim.
Pouco dias depois, será inaugurada uma nova fábrica da Volkswagen em Changchung, no nordeste do país. Aproveitando a popularização do automóvel, uma empresa de médio porte de Hannover pretende abrir em todo o país uma rede de auto-escolas.
Embargo de armas: pedra no caminho
A grande pedra no caminho das relações teuto-chinesas pode continuar sendo o embargo de armas da UE ao país. Embora a oposição de Schröder ao embargo seja conhecida em Pequim, é provável que o problema não venha a ser tão facilmente eliminado.
Pois o chefe de governo alemão conta tanto com a resistência em casa do Partido Verde, seu parceiro na coalizão de governo, quanto com posições contrárias de outros membros da UE. Alguns destes, como os países escandinavos, exigem que a China resolva primeiro questões relacionadas ao respeito aos direitos humanos. Críticas que são revidadas com veemência pelo governo chinês.
Linha direta
Quaisquer divergências entre Berlim e Pequim passarão, porém, a ser resolvidas, a partir de agora, através de uma "linha direta" entre os governos dos dois países. A comunicação entre o gabinete do premiê na capital alemã e seu colega em Pequim é tida como segura, ou seja, isenta de eventuais escutas. O que possibilita um contato rápido e direto para tratar de questões urgentes. Até então, o governo chinês mantinha este tipo de "linha direta" apenas com Moscou, Londres e Washington.
Depois de passar dois dias na China, Schröder segue para o Japão. Um parceiro comercial que “não deve ser esquecido”, como assinala Anton F. Börner, presidente da Federação Alemã dos Atacadistas e Comércio Exterior. A razão da lembrança é simples: mesmo considerando que o crescimento econômico da China no último ano foi de exorbitantes 9%, o PIB do Japão é simplesmente três vezes maior que o chinês.