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Schröder ignora impopularidade

Estelina Farias29 de agosto de 2003

Com popularidade em baixa, chefe de governo, Schröder, e seu ministro das Relações Exteriores, Fischer, decidem disputar terceiro mandato em 2006. Oposição vê aí manobra para desviar as atenções da crise.

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Schröder (dir.) e Fischer querem tentar terceira edição da coalizãoFoto: AP

O chefe de governo, Gerhard Schröder, alegrou-se com a decisão tomada pelo ministro do Partido Verde, Joschka Fischer, de disputar novamente a eleição do Parlamento, em 2006. Com isso o político mais popular do gabinete de Schröder teria sepultado o plano de ir para Bruxelas como o primeiro ministro das Relações Exteriores da União Européia. E assim ficou claro que os dois principais membros do gabinete social-democrata e verde, no poder desde 1998, vão lutar juntos pelas difíceis reformas planejadas, tais como as fiscal e dos sistemas de aposentadoria e de saúde.

O próprio Fischer nunca se manifestou em público sobre um plano pessoal para a eleição do Parlamento, cuja primeira tarefa será eleger um novo gabinete. Mas a falta de um desmentido oficial do seu Ministério em Berlim valeu como confirmação de que a estrela do Partido Verde e o presidente do Partido Social Democrata (SPD), Schröder, vão lutar juntos por uma terceira edição da coalizão vermelho-verde.

Cúmulo macabro

– Para a oposição conservadora, trata-se de uma manobra para desviar a atenção da opinião pública dos graves problemas nacionais. "Isso é realmente um cúmulo macabro: a Alemanha se debate com o desemprego em massa e a crise nos sistemas de aposentadoria e de saúde, enquanto os dois (Schröder e Fischer) cuidam de sua própria carreira", criticou o secretário-geral da CDU, Laurenz Meyer.

O presidente da União Social Cristã (CSU), Edmund Stoiber, também diagnosticou uma manobra política. "Não se trata agora das eleições de 2006, mas dos gigantescos problemas de hoje", disse o político bávaro, derrotado por Schröder na última eleição. Para a maioria dos alemães, bastariam os três anos que restam ao governo, segundo o governador da Baviera.

O presidente do Partido Liberal, Guido Westerwelle, viu na decisão de Schröder e Fischer "uma ameaça para a Alemanha e não uma promessa". Ele aconselhou o empresariado a não temer, "porque o gabinete vermelho-verde vai durar só até 2006, no mais tardar".

Essa parece ser a vontade do eleitorado. Segundo o instituto de pesquisa de opinião pública Forsa, 51% dos alemães temem um novo mandato de Gerhard Schröder, conforme o resultado de uma pesquisa feita no início desta semana.

Amigos com divergências à parte

- Poucas horas antes da decisão de Fischer, Schröder ainda se manifestou indeciso sobre uma terceira candidatura sua ao posto de chanceler federal da Alemanha, alegando que decisões como esta implicariam perspectivas próprias de vida e de família. A confirmação oficial, por um porta-voz em Berlim, veio imediatamente após a decisão de Fischer.

Os dois políticos mantêm uma amizade estreita, apesar de divergências ocasionais. Especulou-se durante algum tempo que o chefe de governo gostaria de mandar o político alemão mais popular para Bruxelas. O próprio Fischer, todavia, sempre tentou despertar a impressão de que não ambicionava um posto na UE e que o seu trabalho em Berlim lhe dá prazer.

Para alegria do seu Partido Verde, ele deu a conversa agora por encerrada, decidindo mesmo permanecer ministro alemão e lutar por mais um mandato.