Schröder quer tirar competência do vice Fischer em questões européias
28 de março de 2002O chanceler federal alemão, Gerhard Schröder, estuda a possibilidade de uma reestruturação das competências dentro do gabinete ministerial. A eventual criação do cargo de ministro para Assuntos Europeus junto à Chancelaria federal poderia transferir a competência de todas as questões relativas à União Européia para a assessoria direta do chanceler.
Em entrevista à revista Der Spiegel, Schröder afirmou que a idéia da criação de um Conselho de Ministros para a Europa é sensata, mas que a forma da sua realização ainda está em aberto.
O chefe do governo alemão e presidente do SPD (Partido Social Democrático) assegurou que não haverá nenhum atrito de competência com o ministro das Relações Exteriores, Joschka Fischer, do Partido Verde. A questão deverá ser abordada nas novas negociações do acordo de coalizão.
Schröder admitiu que as opiniões de Fischer, que acumula a função de vice-chanceler, são "às vezes" divergentes das suas. "Neste caso", afirmou, "a questão será decidida aberta e objetivamente."
Oposição é contra –
Os partidos da oposição manifestaram ceticismo em relação aos planos de reforma ministerial. O ex-ministro das Relações Exteriores Klaus Kinkel (Partido Liberal Democrático) e o ex-presidente da União Democrata-Cristã (CDU) Wolfgang Schäuble acreditam que a reestruturação visa apenas desviar a atenção dos problemas surgidos ultimamente entre Berlim e Bruxelas. Além disto, a transferência de competências para a Chancelaria federal iria enfraquecer enormemente a posição do Ministério das Relações Exteriores, afirmam.Kinkel conclamou Fischer, seu sucessor como ministro, a opor-se ao corte das suas competências e às "ambições de uma Chancelaria federal que se torna cada vez mais poderosa". Contrariamente aos planos de Schröder, Kinkel defende a ampliação das competências do secretário para Assuntos da União Européia no Ministério das Relações Exteriores. A criação de um cargo de ministro, vinculado à Chancelaria federal, é dispendiosa e supérflua, ressaltou o político liberal.
Opinião semelhante foi expressa também pela líder da bancada verde no Parlamento federal, Kerstin Müller, e pelo ex-ministro das Relações Exteriores Hans-Dietrich Genscher (FDP). O único partido a apoiar o debate iniciado por Gerhard Schröder foi o PDS (Partido do Socialismo Democrático), de linha neocomunista.