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Sediar olimpíada, só com empenho de todos

mw26 de novembro de 2002

Tecnicamente, cidades alemãs pré-candidatas para os Jogos Olímpicos de 2012 parecem aptas ao empreendimento. No entanto, para vencer a concorrência mundial, a Alemanha tem de entrar de corpo e alma no projeto.

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Frankfurt concorre à indicação alemãFoto: DW

"O movimento olímpico passa por um momento de florescimento e não vai esperar pela Alemanha. Não podemos apresentar uma proposta apenas mediana", alerta Klaus Steinbach, novo presidente do Comitê Olímpico Nacional (NOK), preocupado com a expectativa de uma acirrada disputa internacional pelo direito de sediar a Olimpíada de 2012. Cerca de 30 cidades em todo o mundo lançaram-se na corrida pela aprovação do Comitê Olímpico Internacional (COI), em 2005.

De fato, desde que os jogos olímpicos tornaram-se um negócio lucrativo, houve uma inflação de candidaturas e os aspectos técnicos por si só não definem mais o vencedor da concorrência, nem mesmo entre as pré-candidatas alemãs. "No quesito profissionalismo, todas as cinco cidades cumprem absolutamente os critérios do COI", afirma Dieter Landsberg-Velen, vice-presidente do NOK.

Tão ou mais importante: respaldo popular

Para que uma cidade alemã sedie a maior competição esportiva do mundo, todo o país deve estar unido e engajado no projeto, ressaltam os dirigentes nacionais. Como exemplo, citam Pequim, que promoverá a Olimpíada de 2008. Decisivo na escolha do COI foi o ostensivo apoio popular. Segundo pesquisas, 96,6% dos 1,3 bilhão de chineses eram favoráveis ao evento no país. Mais do que isto, a população mostrou-se de fato disposta a engajar-se no empreendimento. Em apenas três dias, 10 mil chineses se inscreveram para atuar como intérpretes e um milhão candidatou-se para estudar inglês e assim poder trabalhar na olimpíada.

Neste sentido, uma das preocupações do NOK é garantir apoio das quatro cidades alemãs perdedoras da concorrência nacional à vencedora. "Elas têm de continuar no barco, pois o COI vai verificar se todo o país respalda sua candidata", deixa claro Landsberg-Velen.

Chance contra a estagnação econômica

Desde já, o NOK e a DSB (Confederação Alemã de Desportos) querem que o governo faça sua parte neste esforço nacional. Além de mudanças na legislação para proteger símbolos olímpicos como marcas, as entidades reivindicam redução ou isenção de impostos sobre a receita do empreendimento, tal como foi concedida aos realizadores da Copa do Mundo de futebol de 2006.

Os dirigentes desejam ainda que o benefício seja estendido às entidades esportivas internacionais instaladas na Alemanha, para evitar seu êxodo. No ano passado, a Fiba (Federação Internacional de Basquete) trocou Munique pela Suíça. "Se estas entidades deixam nosso país, nossas candidaturas para promover grandes eventos esportivos ficam prejudicadas", adverte Manfred von Richthofen, presidente da DSB.

Ex-finalista olímpica nos 800 metros, a vereadora Sylvia Schenk, de Frankfurt, uma das cidades pré-candidatas, acredita que a estagnação econômica da Alemanha é um bom motivo para o governo federal engajar-se no projeto olímpico. "Acho que é o momento certo. É preciso dar um sinal contra as lamúrias e o pessimismo. A candidatura pode pôr muita coisa em movimento neste país e ajudar a conjuntura econômica", afirma ela.

Adversários externos de grande peso

Enquanto espera que todos façam o dever de casa, o comitê olímpico alemão não perde de vista o front internacional. Cada vez mais se faz indispensável "a formação de alianças internacionais para influenciar a escolha", ou seja, é preciso investir em lobby junto ao colégio eleitoral do COI. Uma tarefa hercúlea, tendo em vista a pré-candidatura de Nova York e de cidades da África e da América do Sul, continentes que nunca sediaram uma olimpíada e por isso são cotados como favoritos.

Com quem a Alemanha entrará na briga mundial, ainda não há pistas. Düsseldorf, Stuttgart, Frankfurt, Leipzig e Hamburgo – cada uma das pré-candidatas tem vantagens a oferecer. A comissão de avaliação apresenta seu relatório em 31 de janeiro, mas seu presidente, Landsberg-Velen, já adiantou que ele será pouco decisivo, pois todas as cidades "estão em condições de hospedar os Jogos Olímpicos". A responsabilidade política da escolha caberá à assembléia extraordinária do NOK, convocada para 12 de abril.