Todos contra Donald Trump
17 de setembro de 2015Dificilmente um adversário é poupado das tiradas de Donald Trump. Desta vez, seus principais rivais na corrida para a nomeação presidencial republicana rebateram em coro: o ex-governador da Flórida, Jeb Bush, o governador do Wisconsin, Scott Walker, e o senador do Kentucky Rand Paul atacaram o empresário diretamente no segundo debate televisivo dos republicanos, nesta quarta-feira (16/09). "Nós não sabemos quem ele é e para onde ele vai", disse Walker em um réplica a Trump, que lidera as pesquisas há várias semanas. "Nós não precisamos de um aprendiz na Casa Branca, já temos um."
O ainda apático Bush, que claramente perdeu terreno na última pesquisa, disse que, como governador da Flórida, impediu o magnata de construir um cassino no sul do estado. Bush também exigiu um pedido de desculpas de Trump, que envolveu sua esposa, de descendência mexicana, no debate sobre imigração. "A falta de discernimento e de compreensão de como o mundo funciona é, em tempos como este, realmente perigosa", disse Bush.
As críticas vieram ainda de Carly Fiorina, ex-presidente da empresa de tecnologia Hewlett-Packard e também pré-candidata, que pela primeira vez participou da discussão no palco. Ela desprezou Trump dizendo que ele é "ótimo no ramo de entretenimento". Ao longo da campanha todos serão desmascarados, advertiu Fiorina. Depois, ela afirmou que um ex-apresentador de reality show não tem "capacidade, discernimento e temperamento" necessários para o mais alto cargo de um país.
"Mulher bonita"
Fiorina demonstrou conhecimento particularmente nas questões de política externa. Ela também reagiu aos insultos de Trump sobre sua aparência. "Eu acho que todas as mulheres deste país ouviram muito bem o que o Sr. Trump disse." À revista norte-americana Rolling Stone, Trump declarou: "Olhe esse rosto! Alguém votaria nele? Você pode imaginar que esse rosto será o do próximo presidente?". Durante o debate ele se esquivou e tentou remendar: "eu acho que ela é uma mulher muito bonita".
Trump respondeu a seus críticos que ele, como um homem de negócios, aprendeu a fazer bons acordos. Prometeu fazer os Estados Unidos serem respeitados pelo mundo novamente e afirmou que teria uma relação melhor com muitos líderes do que Barack Obama. Quando o assunto foi imigração, Trump reiterou os planos de construir um muro na fronteira. "Temos um monte de tipos muito desagradáveis nesse país."
Fraqueza na política externa
Outros temas do debate organizado pela CNN em Simi Valley, na Califórnia, foram o conflito na Síria, a luta contra o grupo terrorista "Estado Islâmico" e as relações com Rússia, China e Irã. Eles também discutiram assuntos internos, como salário mínimo e impostos, além de questões sociais, como aborto, casamento gay e legalização da maconha. Trump demonstrou dificuldade para expressar seus pontos de vista sobre questões de política externa.
O bilionário tem sido pivô de polêmicas desde que anunciou sua candidatura, em meados de junho, para a nomeação presidencial republicana e explorado de maneira populista o tema da imigração ilegal. Ao lidar com os seus concorrentes, ele não poupa declarações ofensivas e misóginas.
Além de Trump, Bush, Fiorina, Paul e Walker, também participaram do debate o ex-governador do Arkansas, Mike Huckabee, o neurocirurgião aposentado Ben Carson, os senadores Ted Cruz e Marco Rubio, e os governadores de Nova Jersey e Ohio, Chris Christie e John Kasich.
Apesar de tudo, à frente nas pesquisas
Quatro candidatos de pouca expressão que participaram apenas de um evento menor antes do debate principal também atacaram Trump. "Vamos parar de tratar Donald Trump como se ele fosse um republicano", disse o governador da Louisiana, Bobby Jindal.
Segundo o site realclearpolitics.com, Trump estava na frente com 30% na última pesquisa de intenção de voto. O neurocirurgião aposentado Carson apareceu em segundo lugar, com 20%. Jeb Bush, que tem o apoio de figuras de peso no partido e grandes doadores, aparece apenas em terceiro lugar, com pouco menos de 8% das intenções de voto.
A eleição presidencial nos Estados Unidos acontece em novembro de 2016. Ao encerrar seu segundo mandato, o presidente Barack Obama não pode se candidatar novamente. Ambos os partidos, democrata e republicano, definem no início do próximo ano, nas primárias, quem serão seus respectivos concorrentes.
AF/dw/afp/dpa