Seleção alemã vai visitar Auschwitz durante Eurocopa na Polônia
25 de maio de 2012A Federação Alemã de Futebol (DFB) anunciou que uma delegação da entidade, incluindo alguns jogadores, visitará o antigo campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, durante a Eurocopa, que se realiza de 8 de junho a 1º de julho no país do Leste Europeu e na vizinha Ucrânia.
Para o presidente do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, Dieter Graumann, qualificou a decisão como um passo importante e correto. O próprio Graumann já tinha proposto publicamente a visita, em março de 2012, afirmando ser "inconcebível” que os alemães não fossem visitar um dos memoriais do Holocausto, como Auschwitz ou Babi Yar, durante o torneio de nações.
Símbolo do Holocausto
O memorial de Auschwitz relembra o assassinato em massa de judeus europeus durante a Segunda Guerra Mundial. Os nazistas construíram diversos campos de concentração e de extermínio nos territórios por eles ocupados na Polônia. Mais de um milhão de pessoas foram assassinadas em Auschwitz no período entre 1940 e 1945, a maioria judeus. Cada ano, o memorial, criado em 1947, é visitado por cerca de um milhão de pessoas.
O presidente da DFB, Wolfgang Niersbach, anunciou no final de março que alguns jogadores da seleção alemã e representantes da entidade iriam visitar o memorial. Quem exatamente irá e a data da visita ainda estão em aberto. Ele disse ser importante que a visita transcorra de forma respeitosa e não seja transformada em espetáculo.
Combate à discriminação
"No nível simbólico, esse é um sinal importante. É necessário que sempre lembremo-nos e sejamos lembrados, incluindo as próximas gerações, porque as pessoas costumam esquecer, esquecem rápida e completamente", comentou o pedagogo e historiador Klaus Ahlheim, se referindo à planejada visita da delegação alemã.
Ele lembra que os jovens jogadores são representantes da "terceira geração", que não vivenciou os horrores da guerra e não é diretamente afetada por esse passado. Quem visita um local como Auschwitz com estudantes ou jovens deve, segundo o especialista, preparar bem a ocasião. "Quando jovens são apenas levados ou vão por obrigação, isso pode ter efeito oposto ao desejado", alerta.
Mas, segundo ele, ainda mais importante que esse tipo de recordação é debater tendências atuais de antissemitismo, racismo e xenofobia no futebol alemão. "Hoje em dia ouvimos gritos de 'seu judeu!' nos campos, slogans xenófobos e radicais estão na moda. Isso tem que ser discutido."
O jornalista esportivo suíço Alexander Kühn concorda. Ele acha de mau gosto a ideia de "uma excursão escolar a Auschwitz, acompanhada pela mídia". Em artigo publicado no jornal Basler Zeitung, ele diz que "o foco da DFB não deveria ser uma tentativa forçada de lamentar o passado de forma midiática, mas reagir adequadamente ao presente."
Reino Unido, Holanda e Itália
Outras seleções de futebol europeias, como as equipes do Reino Unido, da Holanda e da Itália, também anunciaram visitas a Auschwitz. O treinador holandês, Bert van Marwijk, quer levar todo o seu time da concentração em Cracóvia até Auschwitz, que fica a cerca de 70 quilômetros de distância.
A seleção italiana também vai visitar o antigo campo de concentração nazista. "Temos de assegurar que as tragédias do passado não voltem a acontecer. A visita a Auschwitz deve servir como um estímulo para combater todas as formas de discriminação", sublinhou o presidente da Federação Italiana de Futebol, Giancarlo Abete.
Autora: Rachel Gessat (md)
Revisão: Alexandre Schossler