Seleção desencanta e brasileiros caem no samba em Colônia
18 de junho de 2006A cidade de Colônia, que reúne o maior número de torcedores brasileiros nesta Copa, estava mais uma vez enfeitada de verde e amarelo, mas quem pensasse que a torcida era toda canarinho, se enganava. As cores eram democraticamente usadas por brasileiros, australianos e até alguns ganenses, que ainda comemoravam a vitória de ontem sobre a República Tcheca.
Mas no Heumarkt, a praça no centro da cidade que foi fechada pela prefeitura para a transmissão dos jogos em um telão, predominavam os brasileiros, desta vez mais concentrados do que na estréia e facilmente identificáveis devido à presença das mulatas e dos capoeiristas e pelas tradicionais rodas de pagode. Podia-se ouvir a batucada já do lado de fora.
Bussunda
Mas foi o jogo começar para a empolgação logo diminuir. Os brasileiros já não gostaram do fato de o humorista Bussunda, que faleceu na Alemanha esta semana, não ter merecido o tradicional minuto de silêncio antes do início da partida. "Ele mereceria três minutos", disse o jornalista Marcos Feijó, de Concórdia, Santa Catarina.
Ronaldo era mais uma vez o alvo predileto dos achincalhes. Bastou o telão exibir a imagem do jogador entrando em campo para ele ser vaiado. Nem quando sofreu uma dura falta, aos dez minutos de jogo, foi poupado. "Pronto, agora ele vai ter desculpa para não jogar mais nada", decretou o estudante Anderson Kaiser, de Marechal Rondon, Paraná.
Vaias
Aos 20 minutos começaram as primeiras vaias para a equipe, no lance em que a zaga recuou a bola para Dida. Aos 24 minutos, veio a vibração, mas era dos australianos: Ronaldinho, dentro da área, pisou na bola e provocou apupos e gargalhadas entre a torcida adversária.
Mas o pior ainda estava por vir. Três minutos depois, Ronaldo tenta concluir um lindo passe de Kaká e chuta o ar. "Eu não vi isso: o Ronaldinho pisa na bola e o Ronaldo chuta o vento", se desespera o paranaense Anderson.
Aplausos
Mas veio o segundo tempo e, com ele, o primeiro gol brasileiro, de Adriano, que recebeu passe de Ronaldo. Foi o suficiente para o craque do Real Madrid voltar às graças da torcida e ser aplaudido pela primeira vez nesta Copa. Os alemães também estavam felizes com a seleção. "Depois do primeiro gol, o Brasil foi bem mais convincente", avaliou Günter Preiss, de Overath. A partir daí, vaias só mesmo para Maradona, cuja imagem foi exibida no telão sentado nas arquibancadas.
Com o gol de Adriano, o clima entre a torcida brasileira melhorou muito e virou definitivamente carnaval com o segundo gol, de Fred, no final do jogo. Foi quando recomeçou a batucada no Heumarkt e, ao contrário da estréia, a torcida não deixou o lugar.