1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Fim da luta armada

10 de janeiro de 2011

Após dar indícios de que luta armada estava chegando ao fim, grupo separatista basco anuncia o abandono do confronto violento. ETA diz esperar que processo democrático resulte na independência do país basco.

https://p.dw.com/p/zvxC
Vídeo gravado pelo ETA foi distribuido a mídia espanholaFoto: AP

Depois de mais de 50 anos de resistência, o grupo separatista basco ETA anunciou nesta segunda-feira (10/01) o cessar-fogo permanente. O comunicado, assinado em 8 de janeiro de 2011, foi lido e gravado por membros encapuzados da organização, e as imagens foram distribuídas aos meios de comunicação espanhóis.

Segundo o grupo, o cessar-fogo é "de caráter geral" e de validade internacional. "Este é um compromisso firme do ETA com um processo de solução definitiva e com o fim do confronto armado", diz o documento.

Motivos e reações

Spanien ETA erklärt Waffenruhe
Agente da Guarda Civil Espanhola passa diante de grafite separatista do ETAFoto: AP

O ministro espanhol do Interior, Alfredo Perez Rucalba, disse que tudo o que o governo atual e os prévios sempre quiseram ouvir do ETA é que o grupo se desarmaria e desistiria da luta armada. No entanto, o governo espanhol rejeitou a declaração de cessar-fogo alegando que a ação é insuficiente para o início do diálogo, após décadas de violência que vitimaram mais de 850 pessoas.

No comunicado, o grupo diz concordar com a alegação de várias personalidades mundiais, que pedem soluções democráticas para antigos conflitos. "O processo democrático precisa superar todos tipo de negação e de violação dos direitos, e deve resolver as questões de território e direito de autodeterminação, que são o núcleo do conflito político."

O ETA considera, agora, tarefa dos atores sociais e políticos bascos alcançar acordos que resultem no reconhecimento do País Basco e de seu direito de decidir, com a possibilidade de desenvolvimento de projetos políticos, incluindo a independência.

"É tempo de atuar com responsabilidade histórica. O ETA faz um apelo às autoridades da Espanha e da França para que abandonem para sempre as medidas repressoras e a negação de Euskal Herria [País Basco na língua local]", diz o documento.

Apesar do abandono da luta armada, o grupo diz não desistir da ideia separatista. "ETA não cessará seus esforços, e luta para impulsionar e levar ao fim o processo democrático, até que seja alcançada uma situação democrática verdadeira no País Basco."

Um histórico

O ETA, abreviatura para Euskadi Ta Askatasuna, ou Pátria Basca e Liberdade, foi fundado em 1959, durante a ditadura de Francisco Franco. O grupo reivindicava a independência das províncias de Alava, Biscaia, Guipuscoa e Navarra, em território espanhol, assim como de duas províncias no sul da França.

Em 1968 o grupo executou seu primeiro atentado. Cinco anos mais tarde, um ataque da organização matou o presidente espanhol de então, Luis Carrero Blanco. Mas foi em 1980 que as ações do grupo provocaram mais mortes, aproximadamente 100.

Meistgesuchter ETA-Anführer in Frankreich gefasst Mikel Garakoitz Azpiazu Rubina Txeroki
Mikel Garakoitz Azpiazu Rubina, 'Txeroki', em foto de 2005Foto: picture-alliance/dpa

Depois de quase de três décadas de violência, incluindo explosões em trens e assassinatos de personalidades do mundo político da época, o ETA anunciou em 1998 a primeira trégua, e em outubro de 2004 o chefe de governo José Luis Zapatero iniciou um processo de diálogo com o grupo, suspenso dois anos mais tarde devido a um sangrento atentado promovido pelos separatistas no aeroporto de Madri.

Em novembro de 2008, a polícia conseguiu prender o suposto chefe militar do ETA, Mikel Garikoitz Aspiazu Rubina, apelidado "Txeroki". Outras detenções de nomes importantes do grupo seguiram-se a esta.

No início de setembro de 2010, a organização anunciou que decidira encerrar as ações armadas, notícia recebida com cautela pelo governo espanhol. Nesta segunda-feira, o grupo separatista comunicou oficialmente o abandono do confronto violento na busca pela independência da região basca.

NP/dpa/rts/afp/ap
Revisão: Augusto Valente