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Separatistas no leste ucraniano ignoram ultimato de Kiev

14 de abril de 2014

Milícias pró-russas continuaram ocupando prédios administrativos em várias localidades da região, mesmo após fim do prazo dado pelo governo ucraniano. Kiev reconhece possibilidade de referendo sobre sistema federativo.

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Foto: Reuters

Milícias pró-russas fortemente armadas continuavam na manhã desta segunda-feira (14/04) ocupando prédios administrativos em várias localidades no leste da Ucrânia, mesmo após fim do prazo dado pelo governo ucraniano para desocupação dos edifícios. O presidente interino da Ucrânia, Olexandr Turtchinov, enviou um sinal de contemporização aos separatistas, ao reconhecer a possibilidade da realização de um referendo no país para aprovação ou não de um sistema federativo, como exigem os separatistas russos.

"Estou convencido de que uma clara maioria de ucranianos votará a favor de uma Ucrânia unida, independente e democrática", sublinhou Turtchinov, referindo-se à ideia de um plebiscito sobre a instituição de um sistema federalista no país. Ele anunciou que a consulta poderia ser realizada no mesmo dia das eleições presidenciais, previstas para 25 de maio. Tanto os separatistas pró-russos como Moscou se manifestaram insistentemente por mais autonomia às regiões de maioria russa.

Prazo esgotado

O governo ucraniano determinou no domingo o que chamou de uma "operação antiterrorista" no leste da Ucrânia, dando um ultimato às milícias pró-russas para que deponham as armas até a manhã desta segunda-feira. Após o esgotamento desse prazo, entretanto, nada parecia indicar que os separatistas estariam dispostos a cumprir a exigência de Kiev.

Em combates entre tropas de elite e milícias várias pessoas foram mortas e feridas no domingo, conforme o ministro do Interior ucraniano, Arsen Avakov. De acordo com ele, a operação se concentrou na cidade de Slaviansk. A administração da região de Donetsk relatou "conflitos armados" em uma estrada entre Slaviansk e Donetsk.

"Foi derramado sangue na guerra que a Rússia conduz contra a Ucrânia", afirmou Turtchinov na noite de domingo, num discurso transmitido pela televisão. Ele informou ter determinado uma "grande operação antiterrorismo" para dar fim à instabilidade no leste do país. "Não vamos permitir que a Rússia repita o cenário da Crimeia nas regiões orientais", acrescentou.

Acusações mútuas no Conselho de Segurança

Rússia e Ucrânia se acusaram mutuamente pelo derramamento de sangue no leste da Ucrânia durante uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU.

O embaixador russo nas Nações Unidas, Vitaly Tchurkin, alertou o governo ucraniano contra uma operação militar contra as milícias pró-russas. O representante ucraniano, Yuri Sergueyev, disse que o ataque foi "encenado pela Rússia".

Churkin disse que só o Ocidente pode acabar com a "guerra civil" na Ucrânia e que Kiev deve suspender imediatamente o "uso da força" contra os ucranianos que vivem no leste do país e iniciar "um verdadeiro diálogo".

Durante os acalorados debates no Conselho de Segurança, nenhum dos 14 membros do grêmio quis ficar ao lado de Moscou.

UN Debatte zur Ukraine 13.04.2014 Samantha Power
Representante dos EUA na ONU, Samantha Power: debates acaloradosFoto: Don Emmert/AFP/Getty Images

Alemanha se mostra preocupada

A embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, Samantha Power, acusou a Rússia de estar por trás das revoltas, afirmando que os incidentes foram "escritos e coreografados" pela Rússia. Power exigiu, além disso, que a Rússia retire suas tropas da fronteira com a Ucrânia.

O embaixador britânico na ONU, Mark Lyall Grant, acusou a Rússia de tentar impor sua vontade ao povo da Ucrânia, através de "desinformação, intimidação e agressão". Seu colega francês, Gérard Araud, disse, em referência à anexação da Crimeia pela Rússia, que o cenário no leste da Ucrânia recorda os acontecimentos naquela península há um mês.

Na próxima quinta-feira, EUA, Rússia, Ucrânia e União Europeia pretendem se reunir em Genebra pela primeira vez para tratar da crise ucraniana. O ministro do Exterior da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, pediu a Moscou que se empenhe para ir à reunião. Ele afirmou que a situação está tão delicada que "os responsáveis, no leste e no oeste, têm de se encontrar para evitar algo pior", afirmou o político em entrevista à TV alemã.

MD/afp/rtr/dpa