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Viagem a Marte

14 de julho de 2009

Depois de 105 dias enclausurados num simulador e observados por cientistas russos e europeus, os voluntários do experimento Marte 500 podem voltar à vida normal.

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Alemão Oliver Knickel participou da simulaçãoFoto: AP

Após mais de três meses confinados num espaço de apenas 180 metros quadrados, os participantes do programa Marte 500 já podem abandonar as vestes azuis de astronautas, voltar a ver a luz do sol e caminhar ao ar livre em Moscou.

Organizado na capital russa pelo Instituto de Problemas Biomédicos (IBMP) da Academia de Ciências da Rússia em conjunto com a Agência Espacial Europeia (ESA), o experimento simulou uma viagem de 105 dias ao planeta Marte e terminou nesta terça-feira (14/07).

Durante esse período, o protótipo de espaçonave "levou a bordo" dois cosmonautas e dois médicos russos, um piloto francês e um engenheiro militar alemão. Dentro da câmara, os seis tripulantes estiveram sujeitos a restrições alimentares e físicas, como dormir em quartos com cerca de 3 metros quadrados.

Eles também foram submetidos a constantes simulações de emergências e acidentes, além de diversos exames médicos. A comunicação com a "Terra" era feita apenas por um aparelho de rádio com um atraso realista de até 20 minutos.

Os tripulantes representaram Rússia, França e Alemanha
Os tripulantes representaram Rússia, França e AlemanhaFoto: picture-alliance/ dpa

No lado de fora, cientistas monitoraram o comportamento dos tripulantes ao longo de toda a jornada em busca de conhecimentos úteis para o planejamento de uma futura visita ao Planeta Vermelho.

Antes de pensarem numa viagem real, entretanto, russos e outros países europeus estão se preparando para um experimento parecido, porém muito mais longo. De acordo com a ESA, a próxima simulação está prevista para o início de 2010 e deverá durar 520 dias, o tempo estimado para uma viagem de ida e volta a Marte, incluindo um mês de estadia no planeta.

Mais de 5 mil candidatos

Os participantes do Marte 500 foram recrutados entre mais de 5 mil candidatos. Apesar de haverem completado a missão, todos os escolhidos estavam autorizados a abandonar o experimento a qualquer momento. Johann-Dietrich Wörner, do Centro Aeroespacial Alemão (DLR), justifica: "Não se sabe como as pessoas vão se comportar em tanto tempo de isolamento. Não se podem prever suas condições psicológicas, sua reação à alimentação nem o funcionamento do seu organismo".

Cada quarto tinha cerca de 3,2 m²
Cada quarto tinha cerca de 3,2 m²Foto: ESA

O capitão e engenheiro do Exército Alemão Oliver Knickel, de 29 anos, é um dos tripulantes que passaram 105 dias confinados na capital russa. Há 15 semanas, logo antes de entrar na câmara, Knickel havia expressado sua ansiedade com as seguintes palavras: "Dá para comparar a emoção com a da véspera de uma final de campeonato mundial de futebol. Ficamos tensos, mas todos queremos entrar em campo e mostrar do que somos capazes".

Melancolia

Depois da simulação do pouso na Terra, Knickel, que é natural de Hamburgo, se mostrou surpreso com o final da "viagem". "Perdi totalmente a noção do tempo. Parece que se passaram três ou quatro semanas, mas o calendário é a prova de que já foram 105 dias", completou.

Acostumado ao espaço limitado e à rotina da viagem imaginária ao espaço, o participante alemão confessou uma "certa melancolia" por ter de abandonar as vestes de astronauta e voltar à vida normal.

A ESA e a Nasa (Agência Espacial Americana) esperam enviar seus primeiros voos tripulados a Marte em 30 anos.

EH/afp/dw
Revisão: Alexandre Schossler