Site identifica suspeito no caso Skripal como coronel russo
27 de setembro de 2018A organização de jornalismo investigativo Bellingcat afirmou nesta quarta-feira (26/09) que um dos dois russos acusados pelo Reino Unido pela tentativa de assassinato do ex-espião Serguei Skripal e de sua filha é um coronel altamente condecorado da agência de inteligência militar russa GRU. O Kremlin negou.
A Bellingcat afirmou que o homem até agora identificado pela imprensa britânica como Ruslan Boshirov é, na verdade, o coronel Anatoliy Chepiga.
No começo deste mês, o governo britânico divulgou que tanto Boshirov quanto o outro suspeito, Alexander Petrov, eram agentes do serviço de inteligência militar da Rússia, algo que ambos negaram em entrevista à emissora russa RT.
As autoridades britânicas alertaram que os dois suspeitos podem ter entrado no Reino Unido com nomes e passaportes falsos. Segundo a agência de notícias Reuters, o governo britânico tem conhecimento de suas identidades reais. Fontes oficiais do governo, porém, não quiseram comentar a divulgação do suposto nome real do suspeito.
Bellingcat, que se declara uma organização especializada em investigações baseadas em "fontes abertas e nas redes sociais", afirmou que o coronel Chepiga serviu na Segunda Guerra da Tchetchênia e foi "visto perto da fronteira da Ucrânia no final de 2014".
De acordo com a Bellingcat, Chepiga nasceu em 1979 em Nikolaievka, uma aldeia no leste da Rússia, e concluiu a academia militar da região. Em seguida, ingressou nas forças especiais. A organização disse ter pesquisado fotos de graduados de academias militares russas e encontrou um homem parecido com Boshirov.
Em seguida, a investigação se concentrou em Chepiga, usando bancos de dados russos disponíveis na internet. A Bellingcat rastreou o arquivo de passaportes de Chepiga e encontrou uma foto de 2003 na qual há fortes semelhanças com fotos de Boshirov.
Segundo a organização investigativa, Chepiga foi condecorado em dezembro de 2014 com as mais altas distinções em seu país, como a de Herói da Federação Russa. Não há qualquer registro oficial da condecoração, que habitualmente é dada pelo presidente russo, o que sugere que estaria ligada a uma missão secreta.
Em resposta, Moscou negou nesta quinta-feira que um dos dois suspeitos do envenenamento de Skripal seja um coronel russo. "Não há nenhuma prova, portanto continua a campanha de difamação para desviar a atenção da questão principal: o que aconteceu em Salisbury?", escreveu no Facebook a porta-voz do Ministério russo do Exterior, Maria Zakharova.
O Reino Unido acusou a Rússia de estar por trás do ataque ao ex-espião e sua filha, Yulia, que foram envenenados em Salisbury, no sul da Inglaterra, em março, com uma substância química de uso militar. Os dois suspeitos negam as acusações e afirmaram que visitaram Salisbury como turistas para ver sua catedral.
O caso Skripal provocou uma crise diplomática que resultou numa ação coordenada inédita de expulsão de diplomatas russos de vários países ocidentais, incluindo os Estados Unidos e dois terços dos países-membros da União Europeia, a que a Rússia respondeu com a expulsão de diplomatas ocidentais.
PV/efe/lusa/ap/rtr
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