Sobrevivente de Auschwitz processa usuário do Facebook
21 de agosto de 2015Esther Bejarano, uma das últimas sobreviventes do campo de concentração nazista de Auschwitz, entrou com um processo contra um usuário do Facebook por calúnia e difamação, segundo reportagem da emissora pública alemã NDR.
Bejarano, uma artista judia de Hamburgo que tem feito incansáveis campanhas para manter viva a memória das vítimas dos horrores do Holocausto, afirmou que os comentários depreciativos a colocam em comparação com autoridades nazistas.
O homem, que não foi identificado, publicou um comentário numa postagem no Facebook de Bejarano referente a um concerto que a artista visitou na cidade alemã de Fulda, no estado de Hessen. Ele ridicularizou os esforços dela para combater o extremismo de direita, classificando-o de "o grande show de Esther Bejarano", segundo a reportagem.
"Estranhamente, pessoas em todos os lugares estão sendo processadas e condenadas como cúmplices nos assassinatos em massa porque colaboraram com o regime nazista. Mas isso é exatamente o que esta mulher fez, que 'cantou por sua vida'", escreveu.
Enquanto esteve no campo de concentração de Auschwitz, Bejarano se juntou à chamada "orquestra de meninas" para escapar do árduo trabalho de levantar pedras pesadas para os nazistas. Ela fingiu saber tocar o acordeão, o que provavelmente foi um dos motivos que a fez escapar da execução. Os membros da orquestra eram forçados, sob mira de armas, a tocar quando novos detentos chegavam ao campo nazista.
O usuário do Facebook afirmou que a sobrevivente de 90 anos, que foi condecorada com a Ordem do Mérito da Alemanha, "guiou pessoas a suas mortes com um sorriso no olhar ao ter se voluntariado para a orquestra".
Bejarano, que tomou conhecimento dos comentários há duas semanas, disse que eles são "escandalosos" e que é uma "desgraça que alguém possa postar algo parecido no Facebook e ficar impune".
"Os nazistas conseguem se livrar de qualquer coisa nestes dias?", questionou, acrescentando que é importante que o homem seja "punido de alguma forma". Bejarano afirmou ainda que os comentários não estavam insultando apenas a ela, mas a "todos os que estavam em Auschwitz".
Uma porta-voz da promotoria de Hamburgo disse que "a queixa está sendo analisada". Se o tribunal decidir assumir o caso, o homem pode pegar até cinco anos de prisão.