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UE pede abertura de fronteiras

Christian Trippe (as)24 de janeiro de 2009

Chefe da diplomacia da União Europeia, Javier Solana, diz que europeus estão dispostos a colaborar para que Israel ordene a abertura da fronteira com Gaza, essencial para a reconstrução.

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Solana em entrevista à DW-TVFoto: DW-TV

O chefe da diplomacia europeia, Javier Solana, voltou a defender a abertura da fronteira com a Faixa de Gaza por Israel. Em entrevista à DW-TV, Solana disse que a medida é muito importante para que a ajuda humanitária chegue à região.

Solana também disse que a União Europeia deseja colaborar na reconstrução de Gaza e no processo político que leve à paz entre israelenses e palestinos. Mas o diplomata espanhol rejeitou conversações com o Hamas e disse que os palestinos devem formar um governo de consenso que possa ser o interlocutor com a comunidade internacional.

DW-TV: Como a União Europeia pode ser um mediador confiável entre israelenses e palestinos?

Javier Solana: Temos que continuar fazendo o que estamos fazendo. Conversamos com os dois lados com o objetivo inicial de obter um cessar-fogo, e creio que contribuímos para a sua realização. Agora temos de continuar colaborando na reconstrução, na abertura dos postos de fronteiras e, eventualmente, no processo político.

Este tem, em minha opinião, dois aspectos: o primeiro é o processo político entre os palestinos, que é importante, mas sem dúvida o mais importante é o processo de paz, que levará ao final deste conflito.

Creio que o que fizemos nos últimos meses foi bem recebido por todos e estou convicto de que contribuirá de forma construtiva para a paz que muitas pessoas no mundo almejam. E quanto antes melhor.

O que os europeus podem fazer nos próximos dias para assegurar a manutenção do cessar-fogo?

Há muita coisa que podemos fazer nos próximos dias. Estaremos presentes em Gaza. Tentaremos avaliar o que é necessário fazer, em cooperação com as Nações Unidas, que tem a responsabilidade de distribuir a ajuda humanitária.

Num sentido mais amplo, ajuda humanitária inclui também a reconstrução de casas, escolas e hospitais e não apenas fornecer pão e água. Isso é fundamental, mas precisamos ir além.

Para tal, seria muito importante a abertura das fronteiras. Esta é uma demanda que temos exposto aos nossos amigos israelenses. Temos também oferecido nossa cooperação especialmente na fronteira com Rafah, uma das mais importantes.

Já estamos presentes no local, com tropas da União Europeia, e prontos a fazer mais, caso haja a concordância das partes envolvidas.

Qual a posição política da União Europeia nesse processo? Quando o conflito começou, a Europa estava dividida. Havia países, como a Alemanha e a República Tcheca, que se mostraram muito fiéis a Israel. Outros, como a França, criticaram abertamente as ações militares israelenses.

Creio que a Europa agiu unida nesse período de tempo após a crise. A Europa tem muitas vozes, mas todas seguem a mesma política. Primeiro: parar a violência e obter o cessar-fogo. Segundo: distribuir a ajuda humanitária o mais rápido possível. Nós nos esforçamos para alcançar esses dois objetivos.

Terceiro: oferecermos nossa cooperação para a abertura das fronteiras. Como eu já disse, temos tropas no local. E também queremos ajudar para que o número de armas na região não aumente. Isso tem o objetivo de colaborar com a segurança de Israel.

E continuar dizendo em todos os encontros, para todo mundo, que o processo político é extremamente urgente.

A UE deve iniciar oficialmente conversações com o Hamas?

Creio que não temos de conversar em caráter oficial com o Hamas. Temos que ver como os palestinos podem obter um governo de “consenso” ou como se queira chamá-lo. As negociações entre os palestinos devem começar e chegar logo a um resultado.

Mas mesmo nos Estados Unidos, o principal aliado de Israel, parece haver iminente mudança de política, parece que manter negociações com o Hamas não será mais um tabu em breve. O senhor quer esperar que Washington quebre o gelo?

O que eu disse é muito claro. É algo que os palestinos devem resolver se eles terão uma unidade, um governo de consenso, comandado – é claro – por um presidente eleito, que será neste momento o interlocutor com a comunidade internacional para a reconstrução de Gaza e, no futuro, para as negociações de paz.