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Só lixo no e-mail

(mj/av)11 de janeiro de 2007

Originalmente uma marca de carne enlatada, o termo "spam" evoca hoje um dos maiores horrores no dia-a-dia do usuário de internet. Até a UE tenta atacar o problema, que causa danos bilionários.

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Ter a caixa postal cheia de e-mails indesejados é um problema mundialFoto: picture-alliance/dpa

Segundo cálculos da Comissão Européia, o lixo nas caixas postais eletrônicas causou, em 2005, prejuízos de 39 bilhões de euros. Pois spam, junk ou bulk mail não significam apenas mais trabalho no setor de processamento de dados, obrigando as empresas a se armarem melhor em termos de técnica e pessoal. Eles são também responsáveis por um monumental desperdício de tempo nos escritórios, assim como panes nos computadores contaminados.

Um tipo de spam dos mais perigosos são os chamados phishing mails, forjados por espertalhões que visam enriquecer às custas da ingenuidade alheia. Apresentando-se como "Deutsche Bank" ou "Postbank", eles pedem aos destinatários que revelem seu número de conta bancária, acompanhado da senha.

Dados discrepantes

Os vírus representam um outro problema sério para os profissionais de segurança na internet. Contendo códigos maliciosos, eles infectam e permitem acesso ilegal aos computadores.

Quem queira se informar sobre a porcentagem de lixo eletrônico em relação ao total dos e-mails em circulação esbarra em discrepâncias consideráveis. Baseada em dados de firmas de segurança eletrônica, a Comissão Européia registra entre 54% (fabricante de software Symantec) e 85% (MAAWG – Messaging Anti-Abuse Working Group) a freqüência dos spams.

Porém estimativas e projeções relativas ao lixo postal eletrônico devem ser sempre vistas com olho crítico. Afinal, tanto fabricantes de aplicativos antivírus quanto outras organizações de TI perseguem também, em sua luta contra o spam, interesses econômicos bem palpáveis.

Os campões do spam

Em contrapartida, a empresa MessageLabs calcula que o atual tráfego de spams, com base nos dados de firmas que ela supervisiona, chega a uma porcentagem de 75% (números de 28 de dezembro de 2000), ou cerca de 180 milhões de e-mails por dia.

A MessageLabs presta assessoria a mais de 12 mil empresas em questões de comunicação eletrônica, segurança e gerenciamento. Ela também revelou dados assustadores em relação ao ano 2005: de cada cem e-mails na China, 45 eram spams, contra 64 na Alemanha e até mesmo 77 nos Estados Unidos.

No tocante aos e-mails infectados com vírus – visando, por exemplo, capturar dados de banco online – , a tendência se invertia: 16 em cada cem na China, oito na Alemanha e dois nos EUA.

Empresas reagem

Russischer Computerfachmann Jewgenij Kaspersky mit Morgenstern
Investidas irritantes pela internetFoto: dpa - Bildfunk

A Associação das Empresas Alemãs de Internet (eco) informa que a maioria dos indesejados e-mails em massa continua sendo de origem norte-americana e chinesa. E a especialista britânica em software antivírus Sophos confirma.

Segundo a Sophos, no segundo trimestre de 2006 um quarto do lixo eletrônico em circulação vinha dos EUA, um quinto da China e apenas 2,5% da Alemanha. Na distribuição por continentes, a Ásia lidera o ranking mundial do spam, com 42,8%, seguida da América do Norte (25,6%) e Europa (25%).

Tais números são argumento suficiente para que as empresas se vejam forçadas a reagir. Assim, o Deutsche Bank "bloqueou o acesso a contas externas de e-mail". Pois foi justamente por esta via que vírus e cavalos de Tróia perigosos já conseguiram infectar o sistema da instituição bancária, afirma seu porta-voz, Michael Lämmer.

iTAN no combate ao phishing

Um dos problemas é que boa parte dos países não mostra grande empenho no combate ao lixo postal eletrônico. Em contraposição, o Deutsche Bank emprega uma força-tarefa especial contra o phishing, revela Lämmer. Esta inclui a investigação direta nas fontes, ou seja, nos próprios países de onde partem os ataques.

Em princípio, de acordo com o porta-voz do banco alemão, as investidas permanecem frustradas. Sobretudo desde que sua empresa adotou, no início de 2006, um novo controle de segurança para as transações online. "Através do número de transação indexado (iTAN), a taxa de ataques bem-sucedidos é quase nula. Não há nenhum caso em que o cliente haja sido definitivamente prejudicado", garante Lämmer.

Também o banco dos correios alemães, o Postbank, e as caixas econômicas alemãs confiam no iTAN. Para legitimar transferências e outras operações, o usuário precisa teclar um número de transação, o qual ele retira de uma lista. Durante muito tempo, a escolha era livre. No procedimento iTAN, ao contrário, exige-se um número específico, por exemplo, aquele indexado como "83" na lista.

Segurança, teu nome é "grana"

Spam, Spiced Ham in Originalverpackung
O enlatado ganhou notoriedade indesejadaFoto: AP

O serviço de e-mail Boxbe aborda o problema não do ponto de vista técnico ou político, mas sim econômico. Só quem paga pode enviar e-mails em massa a seus usuários. E estes podem decidir, por si, de quem desejam receber correspondência.

Os remetentes que podem ser recebidos sem problemas são incluídos numa assim chamada whitelist (lista branca). Qualquer outro remetente precisa primeiro teclar um código não legível por máquina. Isto impede a proliferação de e-mails em massa, afirma a Boxbe.

Em tempo: originalmente, o termo spam designava uma marca de carne em conserva, de qualidade discutível, da firma norte-americana Hormel. Em seu website, esta explica que uma canção do grupo humorístico britânico Monty Python ajudou a cunhar o termo. E desaconselha o seu uso, preferindo o politicamente mais correto UCE (unsolicited commercial e-mail).