Subvariante da ômicron impulsiona casos de covid em Portugal
3 de junho de 2022Uma subvariante da ômicron está impulsionando um novo aumento nos casos de covid-19 em Portugal, que atualmente tem a segunda maior taxa de infecção do mundo, ameaçando a recuperação do setor de turismo e colocando em alerta outros países da Europa.
Portugal registrou uma média diária de 2.447 novos casos de covid-19 por milhão de habitantes nos últimos sete dias. Para comparação, a vizinha Espanha teve 449 casos diários a cada milhão de habitantes e o Reino Unido registrou 70, de acordo com dados do portal Our World In Data, da Universidade de Oxford.
A média móvel diminuiu ligeiramente nos últimos dias, ficando em pouco mais de um terço do pico da ômicron, em 31 de janeiro.
Portugal vive a sexta onda da doença e tem a quinta maior taxa de mortalidade por covid-19 do mundo e, apesar do verão, quando menos casos da doença são esperados, as hospitalizações estão aumentando – no entanto, ainda bem abaixo dos níveis das ondas anteriores.
Várias empresas de turismo contatadas pela agência de notícias Reuters expressaram preocupação quanto ao aumento de casos, mas afirmaram que, até agora, não tiveram cancelamentos em seus pacotes. O número de turistas estrangeiros em abril ficou próximo dos níveis vistos antes da pandemia.
Mais de 90% da população de Portugal está totalmente vacinada.
Subvariante representa 90% dos casos
O instituto de saúde pública Ricardo Jorge informou em um relatório na terça-feira que a subvariante ômicron BA.5 representa quase 90% das novas infecções por covid-19. A subvariante BA.4 também foi detectada em Portugal. Ambas impulsionaram a quinta onda da doença na África do Sul no mês passado.
"Portugal é provavelmente o país europeu com maior prevalência desta sub-linhagem e isso explica em parte o elevado número [de casos] que estamos vendo", disse a ministra da Saúde, Marta Temido, à emissora RTP.
O governo português suspendeu em abril a maioria das restrições contra covid-19, incluindo o uso obrigatório de máscaras na maioria dos espaços públicos fechados e, mesmo com alta de casos, disse que não há planos para reintroduzir as medidas.
Maior número de mortes desde fevereiro
Na quinta-feira, foram registradas 26.848 novas infeções por coronavírus em solo português e 47 mortes – maior número de óbitos diários desde 17 de fevereiro, quando foram registrados 51 óbitos. Na quarta-feira, haviam sido 42 mortes.
Portugal, com cerca de 10,3 milhões de habitantes, acumula 4,7 milhões de casos de coronavírus e 23.243 mortes desde o início da pandemia.
Subvariante preocupa na Alemanha
A parcela de casos da subvariante BA.5 também está aumentando na Alemanha, embora em um nível muito mais baixo que em Portugal. De acordo com um boletim semanal do Instituto Robert Koch, agência governamental para o controle e prevenção de doenças, a proporção de casos de BA.5 dobrou semanalmente no último mês, de 0,2% dos casos no final de abril para 5,2% em 22 de maio.
A ômicron BA.2 continua sendo a subvariante dominante na Alemanha, responsável por cerca de 96% dos casos. No geral, o número de casos de covid-19 vem diminuindo gradualmente no país desde o final de março. Na quinta-feira, foram 46.327 novas infecções e 124 mortes no país de cerca de 83 milhões de habitantes.
Apesar do otimismo nos números, o ministro alemão da Saúde, Karl Lauterbach, reforçou que as subvariantes BA.4 e BA.5 também estão em marcha na Alemanha e podem ser responsáveis "por uma nova onda no outono".
"O coronavírus não acabou, como mostra o forte surto da ômicron em Portugal", alertou Frank Ulrich Montgomery, presidente da Associação Médica Mundial, em entrevista ao jornal alemão Rheinische Post.
le/cn (Reuters, EFE, ots)