Subvenções agrícolas dividem a UE
19 de outubro de 2005A pedido da França, os ministros do Exterior da União Européia reuniram-se nesta terça-feira (18/10), em Luxemburgo, para discutir a posição do bloco na próxima conferência ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC). Em princípio, fracassou a tentativa de atrelar a ação da Comissão Européia durante o encontro – marcado para 13 a 18 de dezembro, em Hong Kong – às decisões dos governos.
O comissário da UE para assuntos de Comércio, Peter Mandelson, se declara pronto a reduzir em até 70% as subvenções agrícolas européias, caso os Estados Unidos realizem cortes equivalentes. O governo de Paris argumentou que Mandelson não dispõe de mandato dos Estados europeus para fazer promessas desse porte, porém a Comissão Européia rebateu a objeção.
Blefe norte-americano?
Recentemente, o secretário norte-americano do Comércio Exterior, Rob Portman, assegurara a disposição de seu país de cortar em 60% os subsídios diretos aos agricultores nacionais. Naturalmente, as reduções estariam subordinadas a certas condições. Entretanto, segundo Shelby Matthews, da associação de organizações agrícolas européias COPA, tudo não passa de um blefe.
"Os percentuais impressionam, mas olhando com atenção, os EUA não querem mudar em nada sua política agrícola." O truque consiste nas novas formas de subvenções, num valor entre cinco e seis bilhões de dólares, aprovadas há pouco pelo Congresso norte-americano. Estas permanecerão intocadas por qualquer tipo de corte.
A funcionária inglesa da COPA mostrou-se irritada com seu compatriota Mandelson: "Ele foi longe demais como chefe de negociações, fez concessões excessivas nas costas dos agricultores". Pelo menos, 14 países membros da UE redigiram sob liderança francesa uma carta, onde advertem Mandelson para não extrapolar os limites de seu mandato, acrescentou Matthews.
UE e EUA declaram interesses comuns
Além das subvenções bilionárias, cuja reforma é assunto decidido na UE, discutiu-se ainda a taxa alfandegária para produtos alimentícios importados pela UE. Mandelson defende a redução das taxas de importação de carne e laticínios em até 50%, o que aumentaria a concorrência aos produtos europeus.
Também na terça-feira, o presidente George W. Bush e o presidente da Comissão da UE, José Manuel Durão Barroso, conversaram na Casa Branca sobre as subvenções. Ambos desejam o fim das disputas que estão impedindo o fechamento de importantes acordos de comércio. "Temos um interesse comum na abertura dos mercados", declarou Barroso após a conversa com Bush.