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CriminalidadeAlemanha

Suposto agente russo encontrado morto em Berlim

6 de novembro de 2021

Cadáver encontrado atrás da embaixada russa seria de agente da FSB, filho de membro do alto escalão de agência acusada de planejar assassinatos de opositores do Kremlin. Polícia alemã foi impedida de investigar o caso.

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Fachada do edifício da embaixada da Rússia em Berlim
Edifício da embaixada da Rússia em BerlimFoto: Getty Images/S. Gallup

Um diplomata russo encontrado morto nas proximidades da embaixada de seu país em Berlim seria, na verdade, um agente da inteligência de Moscou, segundo relatos na imprensa alemã nesta sexta-feira (05/11).

A revista alemã Der Spiegel informou que, durante uma ronda, policiais encontraram o corpo do suposto agente, um homem de 35 anos, em um caminho atrás do edifício da embaixada, no dia 19 de outubro.

Segundo a reportagem, o homem seria um agente da FSB, a agência russa de inteligência, e ocuparia um cargo de fachada na embaixada. As autoridades de segurança da Alemanha não conseguiram determinar a causa da morte, uma vez que os russos não permitiram que uma autópsia fosse realizada.

Existe a suspeita de que ele teria caído de uma janela da embaixada, mas não está claro se a causa da morte teria sido a queda ou se ele já estaria morto ao cair.

O Ministério alemão do Exterior confirmou que tinha conhecimento da morte do russo, mas disse que não podia dar maiores informações. A embaixada da Rússia se recusou a comentar o caso, alegando "razões éticas”.

Repórteres do portal de jornalismo investigativo Bellingcat disseram ter conseguido identificar o agente morto. Ele seria o filho de um oficial do alto escalão da FSB, que trabalharia como vice-diretor da um órgão russo acusado de planejar assassinatos de desafetos do Kremlin.

Atentados contra opositores do Kremlin

Entre essas execuções, estaria a do ex-líder dos rebeldes da Chechênia, Zelimkhan Khangoshvili, em 2019, morto em um parque em Berlim. Após investigações, a Procuradoria-Geral alemã afirmou que ele foi morto em nome do governo russo. O caso acirrou as tensões diplomáticas entre os dois países.

Um suspeito de nacionalidade russa, um homem de 56 anos, está preso e sendo julgado pelo assassinato. Ele teria viajado à Alemanha com uma identidade falsa antes de cometer o crime.

Alexey Navalny aparece atrás de grades em imagem de câmera interna do presídio. Navalny, um dos principais opositores de Vladimir Putin, está preso na Rússia acusado de fraude
Navalny, um dos principais opositores de Vladimir Putin, está preso na Rússia acusado de fraudeFoto: Moscow's Preobrazhensky District Court/dpa/picture alliance

Outro alvo da agência teria sido o opositor russo Alexei Navalny, que recebeu tratamento médico na capital alemã após uma tentativa de envenenamento em 2020 que quase tirou sua vida. O governo russo nega que estivesse por trás de ambos os ataques.  

Segundo o Bellingcat, o agente teria chegado a Berlim dois meses antes do assassinato de Khangoshvili, embora não haja nenhuma prova que conecte os dois casos. O portal afirma que antes de ser enviado para a Alemanha, o agente teria trabalhado na missão russa na ONU em Viena.

Segundo Christo Grozev, repórter do Bellingcat, após a polícia encontrar o corpo, as autoridades alemãs fizeram um pedido para a realização de uma autópsia, que foi negada pelos russos em razão do status diplomático do homem.

Depois disso, o corpo teria sido entregue às autoridades da embaixada e trasladado no dia seguinte para a Rússia, afirma Grozev. O repórter afirma o homem trabalhava oficialmente como segundo secretário na missão diplomática em Berlim.

Caso "bastante grave", diz opositor

Seu pai ocuparia um dos cinco cargos mais altos na agência de inteligência russa. "Ele estaria encarregado de algo chamado Unidade de Proteção da Ordem Constitucional da Rússia, que é uma parte importante da FSB, por atuar essencialmente como polícia política”, disse o repórter.

"Descobrimos que as autoridades alemãs acreditam que o filho também seria um agente da FSB, ou um oficial da FSB disfarçado. Mas, não conseguimos provar isso até o momento”, afirmou Grozev.

O opositor russo Leonid Volkov, que esteve diversas vezes na embaixada russa em Berlim, comentou sobre o incidente em uma mensagem encriptada postada no Telegram. Ele disse que as janelas da embaixada não são suficientemente altas para alguém cometer suicídio, e sugeriu que homem teria sido atirado para fora do prédio.

Na opinião de Volkov, que também é um aliado próximo de Navalny, o caso é "bastante grave”.

rc (DPA, INA)