Só euro: moedas nacionais deixam de circular
28 de fevereiro de 2002A maior parte dos marcos que circulavam na Alemanha, no final de dezembro passado, já foram trocados por euros nos guichês dos bancos ou gastos em compras no comércio. Por esta razão, as agências bancárias não registraram nenhum aumento significativo de movimento desde o início desta semana. No início de janeiro, ao serem introduzidas as notas e moedas do euro, a situação foi bastante distinta: as enormes filas diante dos guichês bancários provocaram espera de várias horas e foram motivo para a criação de um neologismo – a "euroforia".
Após dois meses de experiência com a nova moeda, a euforia inicial arrefeceu. Uma pesquisa do Instituto GfK revelou que a metade dos alemães preferia ter de volta o tradicional marco, que ainda agora é visto como uma espécie de símbolo nacional da Alemanha do pós-guerra. Embora deixe de circular, o marco não perderá o seu valor: os bancos estatais dos Estados alemães continuarão trocando os marcos remanescentes em euros por tempo indeterminado. Ao lado da Alemanha, somente a Espanha, a Irlanda e a Áustria continuarão a trocar, sem prazo determinado, as suas cédulas e moedas por euros.
De acordo com os dados do Bundesbank, o banco central alemão, cerca de dez por cento das cédulas e quase a metade das moedas do marco ainda não tinham dado entrada nos bancos estatais na última semana de fevereiro. No caso das cédulas, trata-se em grande parte de dinheiro que circula fora do país e que será recebido de volta, provavelmente, até o final do corrente ano. Quanto aos 48,5 bilhões de moedas cunhadas desde 1948, o Bundesbank calcula que cerca de 20 bilhões delas jamais serão trocadas em euro: foram perdidas, guardadas de recordação ou passaram a integrar coleções numismáticas.
Portugueses não têm saudades do escudo
À parte da França, da Holanda e da Irlanda, cujas moedas nacionais já deixaram de circular há algumas semanas, o euro passa a ser único meio circulante em todos os nove demais países da união monetária, a partir de 1º de março: Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Finlândia, Grécia, Itália, Luxemburgo e Portugal. A reação das populações locais durante o período de transição com duas moedas e com relação à perda de validade das moedas nacionais foi bastante parecida, na maioria dos casos.
Os portugueses, por exemplo, viveram os primeiros dois meses de introdução das notas e moedas do euro, com um misto de entusiasmo pela novidade, de compreensão pela dificuldade das conversões e de desconfiança quanto aos novos valores das coisas. O escudo foi a moeda usada em Portugal durante quase um século, mas não deixou saudades. Muitos portugueses tinham se manifestado desde o início contra o período de transição, defendendo que o escudo deveria deixar de circular logo no dia 1º de janeiro. Uma semana antes do fim do período da dupla circulação com o euro, as notas e moedas de escudo representavam apenas um quinto do total de dinheiro usado em Portugal.