Talibã propõe troca de reféns aos Estados Unidos
20 de junho de 2013O Talibã afegão se declarou disposto a libertar um soldado americano, mantido em cativeiro desde 2009, em troca de cinco de seus líderes detidos em Guantánamo. En entrevista à agência de notícias Associated Press, um porta-voz do grupo qualificou a oferta de um "gesto conciliatório".
A oferta foi feita nesta quinta-feira (20/06), mesmo dia em que o presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, moderou suas críticas às negociações de paz entre os Estados Unidos e o Talibã, dizendo estar disposto a participar delas, desde que respeitadas algumas condições.
Uma delas é que a bandeira do Talibã seja removida do escritório que o grupo rebelde abriu em Doha, capital do Catar. A outra é que o nome de local, batizado de Escritório do Emirado Islâmico do Afeganistão, nome do país durante o governo Talibã, entre 1996 e 2001, seja alterado.
Karzai também exigiu uma carta garantindo que os Estados Unidos apoiarão o governo afegão durante as negociações.
O único soldado americano mantido em cativeiro no Afeganistão é o sargento Bowe Bergdahl, de 27 anos, de Idaho. Ele desapareceu de sua base em junho de 2009 e deve estar no Paquistão.
O porta-voz do Talibã declarou que a troca de prisioneiros é uma exigência para o início das negociações.
Alteração do nome
Karzai e o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, falaram duas vezes por telefone após o governo afegão ter repudiado o "excesso de publicidade" durante a inauguração do escritório e o fato de representantes dos Estados Unidos estarem aparentemente prestes a chegar ao Catar para as negociações.
Em nota, o governo do Afeganistão declarou que Kerry teria assegurado que o governo do Catar removeu qualquer referência ao Emirado Islâmico do Afeganistão do escritório e que o local será chamado de Escritório para Conversações de Paz.
Um funcionário do governo afegão declarou à agência de notícias DPA que Karzai se opôs ao nome porque dava um status de governo aos insurgentes. O representante do governo afegão disse, em caráter de anonimato, que o acordo para a instalação do escritório previa a preparação de um local para as negociações de paz. "Não era para tratar o escritório como embaixada nem como representação de um governo Talibã independente", esclareceu a fonte.
O escritório é descrito por agências de notícias como sendo de representação política do Talibã e foi aberto nesta terça-feira.
Karzai disse a Kerry que a opinião pública afegã reagiu negativamente à maneira como o escritório foi inaugurado – num evento que analistas classificaram como sendo um golpe de publicidade internacional a favor dos insurgentes.
"A abertura deste escritório fez com que o Talibã parecesse forte, os americanos, desesperados e o presidente Karzai, irritado", avaliou uma rede de analistas afegãos em nota divulgada à imprensa.
Alemanha espera definição
O ministro da Defesa da Alemanha, Thomas de Maizière, deixou claro que a cooperação militar do país após 2014 depende de um acordo entre Estados Unidos e Afeganistão. A Otan pretende que de 8 mil a 12 mil de seus soldados permaneçam no Afeganistão após o ano que vem, incluindo de 600 a 800 alemães.
De Mazière alertou que, se o Afeganistão e os Estados Unidos não chegarem a um acordo bilateral de segurança a longo prazo, as tropas alemãs não continuarão treinando ou prestando consultoria técnica às forças de segurança locais após a retirada das tropas internacionais.
O acordo bilateral de segurança entre Estados Unidos e Afeganistão deve definir o efetivo militar americano e as bases militares que continuarão em território afegão após 2014. O acordo deve dar imunidade às tropas estrangeiras, garantindo que soldados americanos não serão processados pela justiça afegã durante suas atividades.
O mesmo critério de imunidade deve servir de modelo para um acordo envolvendo o emprego futuro de tropas alemãs e da Otan no Afeganistão após 2014.
MP/afp/dpa/ap