Talibãs mais fortes
9 de outubro de 2010Com uma cerimônia fúnebre em Kunduz, no norte do Afeganistão, as Forças Armadas alemãs (Bundeswehr) prestaram homenagem neste sábado (09/10) ao soldado alemão morto em ataque suicida, dois dias atrás. Após a cerimônia, o corpo foi levado para a Alemanha, informou o centro de comando de operações da Bundeswehr em Potsdam.
Trata-se da terceira vez, neste ano, que soldados alemães são mortos no Afeganistão. Em abril, em somente duas semanas, houve sete vítimas entre os soldados alemães. Desde o início da missão da Força de Assistência à Segurança (Isaf), no Afeganistão, 27 deles perderam a vida em combate ou em atentados.
Nesta sexta-feira, somente um dia após a morte do soldado alemão, um atentado a bomba provocou a morte do governador da província de Kunduz, Mohammad Omar, e de 13 outras pessoas que participavam da Oração de Sexta-feira, numa mesquita da província de Takhar.
Sob o comando da Otan, os alemães representam o terceiro maior contingente da Isaf, sendo responsáveis pela segurança do norte do Afeganistão. As províncias de Kunduz e Takhar pertencem à área de operações das Forças Armadas alemãs no Afeganistão.
Mohammad Omar
Omar era considerado um dos maiores opositores dos talibãs e recentemente alertara diversas vezes para o aumento de poder dos talibãs. Até o momento, ninguém reivindicou o ato, porém nos últimos tempos os talibãs têm praticado uma série de atentados semelhantes.
Nos anos 1990, mesmo antes da queda do regime comandado pelos radicais islâmicos, Omar já lutava contra eles. Com a invasão dos Estados Unidos no Afeganistão, o governador passou a cooperar com os norte-americanos.
Ele criticava frequentemente as Forças Armadas alemãs por "não agirem decididamente contra os talibãs na região". Omar estava convencido de que os talibãs só podem ser vencidos através da força militar. No ano passado, ele saudou o estacionamento, em Kunduz, de soldados norte-americanos, com os quais mantinha estreito contato.
O governador morto tinha cerca de 50 anos de idade. Nos anos 1980, Mohammad Omar lutou contra a ocupação do Afeganistão pelo antigo Exército Vermelho da União Soviética.
Passagem reaberta
O atentado a Mohammad Omar acontece justamente no momento em que negociações com intermediários talibãs estão sendo realizadas em Cabul. O presidente afegão, Hamid Karzai, pretende alcançar um acordo de paz com os radicais islâmicos.
Enquanto isso, o abastecimento das tropas da Otan no Afeganistão, provindo do Paquistão, se torna cada vez mais alvo dos radicais islâmicos. Segundo fontes oficiais, pelo menos 29 caminhões-tanque foram incendiados neste sábado na região de Mittri, no sudeste paquistanês.
Também neste sábado, o Paquistão anunciou a abertura imediata da passagem fronteiriça de Torkham, pela qual o abastecimento das tropas da Otan é transportado para o Afeganistão. No último dia 30 de setembro, a fronteira foi fechada, depois que um ataque de helicóptero pela Otan provocou a morte de dois soldados paquistaneses.
CA/afp/dpa/dw
Revisão: Augusto Valente