Tchecos dispostos a ceder na questão dos alemães dos sudetos
22 de maio de 2002O governo da República Tcheca deseja evitar um conflito aberto com Berlim, na questão dos alemães dos sudetos. Esta declaração de diplomatas tchecos nesta quarta-feira (22), em Praga, ameniza o tom ríspido com que ambos os lados vinham tratando da questão, nos últimos dias.
Do ponto de vista do governo alemão, a desapropriação sumária e expatriação dos alemães dos sudetos da antiga Tchecoslováquia, após a Segunda Guerra Mundial, constituiu uma transgressão ao direito internacional. Como já declarara o chanceler federal, Gerhard Schröder, numa solenidade há dois anos, os controvertidos decretos Benes, que determinaram a expulsão dos alemães dos sudetos, não têm mais validade. Assim como os governos anteriores, a atual coalizão apóia os pedidos individuais de indenização de firmas e pessoas expatriadas e de seus descendentes.
Por sua vez, o Parlamento Europeu apelou à República Tcheca para que adeqüe suas leis nacionais à legislação européia. Caso delas ainda constem "formulações discriminatórias" – como, por exemplo, os decretos Benes –, estas deverão ser eliminadas da legislação tcheca, o mais tardar, até sua filiação à UE.
O premiê tcheco, Milos Zeman, considerou "aceitável" o termo de compromisso, proposto pelo Parlamento Europeu após aprovação unânime. Contudo, uma pesquisa de opinião demonstrou haver crescido o número dos tchecos contrários à entrada de seu país na UE, devido à polêmica em torno dos decretos Benes. Para a maioria dos entrevistados, a questão é mais importante do que as conseqüências dos atentados de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos.
Apesar da celeuma em torno de seus decretos discriminatórios, o ex-presidente tcheco Eduard Benes foi postumamente homenageado nesta quarta-feira, em Praga, com a Ordem do Leão Branco.