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Tecnologia alemã

3 de setembro de 2010

Maquinaria já está no país e será usada para escavar poço para o resgate dos mineiros a 700m de profundidade. A Deutsche Welle entrevistou Manfred Schmidt, da Federação Alemã dos Fabricantes de Máquinas e Equipamentos.

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Um poço de no máximo 70 centímetros de diâmetro tem que ser cavado para salvar os mineiros chilenosFoto: AP

DW-WORLD.DE: Da Alemanha foram enviados para o Chile um motor e uma cabeça perfuradora, a fim de acelerar a escavação e retirar os mineiros. Por que essas peças são importantes para o trabalho de resgate?

Manfred Schmidt
Manfred Schmidt é especialista em mineraçãoFoto: VDMA

Manfred Schmidt: São partes fundamentais de uma perfuradora: a cabeça realiza o trabalho e o propulsor provém a energia necessária. No avanço da escavação, é decisivo que o tamanho da cabeça seja adequado e que o propulsor forneça energia suficiente.

Por que as duas peças em questão precisaram ser enviadas da Alemanha?

Não há muitos destes equipamentos no mundo inteiro. É possível que, justamente na Alemanha, uma empresa dispusesse da perfuradora adequada para tais condições de escavação. É preciso levar em conta também as características do solo, a largura e o diâmetro do canal a ser escavado, assim como as dificuldades que podem surgir durante o processo. Trata-se de avançar o mais rápido possível e de maneira segura, especialmente para uma escavação como essa, em que cada dia conta.

O senhor acredita que a Alemanha enviará mais maquinaria para o resgate dos 33 mineiros chilenos?

Dahlbusch Bombe Rettungskapsel 1693 Bergbau
1963: Com a bomba de Dahlbusch, 11 mineiros foram resgatados em LengedeFoto: AP

Uma técnica desenvolvida na Alemanha foi a chamada bomba de Dahlbusch. Trata-se de uma cápsula, na qual um mineiro pode ser retirado através de um canal relativamente estreito. Um procedimento deste tipo foi utilizado em 1963 em um acidente num fosso em Lengede, no estado alemão da Baixa Saxônia.

Levando em consideração que, neste caso do Chile, o fosso deve ter no máximo entre 65 e 70 centímetros de diâmetro, é possível afirmar que não existe praticamente nenhuma outra alternativa que não seja a utilização de uma bomba de Dahlbusch para trazê-los, um por um, à superfície.

E tais bombas ainda são produzidas na Alemanha?

Não se produz pelo fato da demanda ser pequena. Neste momento, na Alemanha, é possível que haja umas três ou quatro delas, e talvez nos Estados Unidos, outras duas ou três. A questão é que não se trata de um equipamento produzido em série. E por sorte não há tantas oportunidades para colocá-las em funcionamento: a bomba de Dahlbusch foi desenvolvida especialmente para ações de resgate.

O senhor acredita que, no futuro, a indústria alemã continuará contando com experiência suficiente no que diz respeito a equipamentos de extração?

A Alemanha é uma das líderes na produção de máquinas para a extração de minérios, e isso há mais de cem anos. A mecanização desse tipo de procedimento foi iniciada aqui e continuamos sendo líderes no desenvolvimento de novas tecnologias para o ramo. Ainda que já se tenha encerrado a extração de hulha no país, continua-se extraindo linhito, potássio e sal. A mineração de hulha foi, sem dúvida, a mais conhecida no ramo, mas não a mais importante. Considerando o volume de linhito, por exemplo, ele é dez vezes maior.

Manfred Schmidt é diretor de Técnica e Normas da Federação Alemã dos Fabricantes de Máquinas e Equipamentos (VDMA)

Entrevista: Klaudia Prevezanos (mdm)
Revisão: Roselaine Wandscheer