Energia em Bangladesh
Uma oferta energética ampla e eficiente é uma das chaves para o combate à pobreza em muitos países em desenvolvimento. Dois bilhões e meio de pessoas têm dificuldades para iluminar suas casas, preparar refeições quentes ou esquentar água para a higiene pessoal – é o que mostra um estudo de Stefan Opitz, da Sociedade Alemã para Cooperação Técnica (GTZ, do nome em alemão).
Frequentemente falta às pessoas o acesso às tecnologias mais simples e também o conhecimento sobre soluções de baixo custo que melhorariam sua situação, afirma Opitz em um relatório intitulado Energia é vida. Essa carência inviabiliza também o desenvolvimento econômico, especialmente nas áreas rurais.
Escassez energética afeta produtividade
Um exemplo deste círculo vicioso entre falta de energia e pobreza é Bangladesh. No país localizado na fronteira leste da Índia, apenas um quarto da população vive em cidades e há muitos analfabetos, sobretudo entre as mulheres. A economia cresce continuamente, devido principalmente à agricultura. A cada ano, 40 milhões de toneladas de arroz são colhidas em Bangladesh, o que faz do país o quarto maior produtor do produto no mundo.
De acordo com estimativas da GTZ, o principal problema de Bangladesh é a crise energética. De tempos em tempos, casas, lojas e empresas do país de mais de 150 milhões de habitantes ficam no escuro. A razão: escassez energética – que afeta especialmente as zonas rurais.
Para muitos lares e estabelecimentos comerciais, a esperança de conseguir uma conexão com a rede elétrica em breve é pequena. Mesmo quando já há uma ligação, a produtividade é afetada pelas quedas de energia diárias – afirma a GTZ. Uma parte considerável da energia disponível é desperdiçada em aparelhos ineficientes ou em redes danificadas. O uso ineficaz da escassa energia disponível é típico em países em desenvolvimento.
Uma saída para Bangladesh poderiam ser os chamados Sistemas Solares Domésticos (Solar Home Systems – SHS). Residências e pequenos negócios, que não possuem ligação com a rede elétrica, podem comprar o sistema por cerca de 300 dólares. Estes equipamentos fotovoltaicos fornecem energia a lâmpadas e pequenos aparelhos elétricos, como rádios, televisores e carregadores de celular.
Minicentrais elétricas para a formação política
"Um importante argumento utilizado pelos usuários dos Sistemas Solares Domésticos – ou SHS – é a televisão", afirma Michael Blunck da GTZ. Na Alemanha, muitas vezes se é criticado por citar este ponto a favor do SHS.
"Mas é preciso compreender que o índice de analfabetismo é muito alto nestes vilarejos. Muitas pessoas mal têm a possibilidade de obter informações por conta própria. Elas não sabem ler o jornal e ouvir rádio sem energia também é impossível."
Somente com suas pequenas centrais elétricas movidas a energia solar, a população tem acesso a informações e notícias, transmitidas pela televisão e pelo rádio. "Isto é muito importante para a formação política da opinião pública", diz Blunck.
Mais eletricidade, maior produtividade
Uma pesquisa feita pela GTZ com usuários dos Sistemas Solares Domésticos em Bangladesh confirma a ideia. Quase a metade dos entrevistados afirmou que ter mais acesso a notícias e informações representou uma importante mudança em suas vidas.
Uma rede elétrica confiável também significa mais luz à noite, por exemplo. Os usuários da energia solar explicam que outra mudança considerável é o fato de as crianças terem a chance de ler e estudar após o anoitecer.
Comerciantes de bazares que não têm acesso à rede elétrica também utilizam o SHS, relata Blunck. Antes, eles usavam luminárias a querosene para iluminar suas mercadorias à noite. Estas lanternas apresentavam grandes desvantagens, além de o querosene ser um combustível fóssil, relativamente caro e poluente.
Autor: Martin Schrader (lpf)
Revisão: Roselaine Wandscheer