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Temor do Brexit faz britânicos pedirem cidadania alemã

Naomi Conrad (md)30 de maio de 2016

Com a aproximação do referendo no Reino Unido, cidadãos do país querem garantir direito de continuar vivendo e trabalhando dentro da União Europeia, mesmo que seja com outro passaporte.

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Bandeiras do Reino Unido e da União Europeia
Foto: picture-alliance/empics/T. Melville

Quando, cerca de seis semanas atrás, Natalia Dannenberg recebeu a cidadania alemã, ela e o marido abriram uma garrafa de vinho durante o jantar para brindar o que consideram "realmente uma espécie segurança".

Para a inglesa de 35 anos, candidatar-se a um passaporte alemão nunca foi prioridade real, embora soubesse que, mais cedo ou mais tarde, daria entrada no pedido. "Entretanto, se a ameaça de um Brexit não aparecesse repentinamente no horizonte, eu certamente teria esperado mais alguns anos", explica.

Os eleitores britânicos irão às urnas em 23 de junho para decidir se seu país deve permanecer na União Europeia ou não. O resultado do controverso referendo pode ter um impacto de longo alcance sobre o Reino Unido e, provavelmente, sobre o bloco europeu como um todo.

E mais ainda para os britânicos vivendo no exterior, como Natalia: ela se mudou com o marido há seis anos para a pacata cidade de Bonn, onde trabalha no Comitê Paraolímpico. Embora não acredite que a Alemanha seria "tão brutal a ponto de nos expulsar do dia para a noite", ela preferiu não esperar para saber como ficaria seu status de residente no país, caso o Reino Unido deixe a UE.

Mais pedidos de cidadania

E parece que ela não está sozinha em seus temores. Embora o Ministério alemão do Interior não confirme oficialmente se houve um aumento de naturalizações de britânicos na Alemanha devido ao referendo, há outras pistas apontando nessa direção.

Pedindo para não ser identificado, um funcionário da prefeitura de Bonn afirmou à DW que "definitivamente" houve um aumento nos pedidos de naturalização. "Normalmente, dois ou três britânicos ganham a cidadania alemã, por ano. Mas neste ano nós já naturalizamos sete."

Britânico com bandeira da União Europeia
Debate sobre Brexit divide britânicos no Reino Unido e amedronta os que vivem foraFoto: DW/Screenshot

E ele está convencido de que o número deve aumentar, considerando a quantidade de chamadas que tem recebido de britânicos preocupados nos últimos meses. "Quando havia um debate sobre a saída da Grécia, alguns gregos ligaram, mas não era metade dos britânicos que ligam agora. Eles estão todos com medo de perder seus privilégios."

O funcionário tenta tranquilizá-los: "Eu digo que, mesmo que o Reino Unido vote a favor da saída da União Europeia, é improvável que isso aconteça da noite para o dia." Como, a seu ver, o processo levaria anos, "não há realmente razão para se preocupar".

Regras são obstáculo

Vários outros britânicos que vivem na Alemanha revelaram à DW que "adorariam" pedir a cidadania alemã, mas acham as regras rígidas demais, incluindo residência mínima de oito anos – a menos que o requerente tenha cônjuge alemão – e um teste de cidadania com o fim de testar os conhecimentos do candidato sobre cultura, política e história do país, num processo que pode se arrastar por meses.

"Vote pela saída": bolsa da campanha pelo fim da adesão à UE
"Vote pela saída": bolsa da campanha pelo fim da adesão à UEFoto: DW/J. Macfarlane

"No final, a cidadania alemã não faz realmente diferença na minha vida cotidiana", comenta Natalia Dannenberg. "Mas o documento me dá o sentimento de pertencer a um país de que sou orgulhosa, um país que está demonstrando liderança na crise de refugiados, sendo generoso e acolhedor – diferente do clima que prevalece atualmente no Reino Unido."

"Não gosto da campanha pelo Brexit, do nacionalismo e da intolerância que contém", frisa, afirmando que no Reino Unido a UE é muitas vezes tomada como bode expiatório para problemas como desemprego ou a crise de financiamento no sistema de saúde do país. "Para ser honesta, fico envergonhada com essas atitudes, e me sinto muito mais confortável com o ideal alemão de uma Europa aberta e inclusiva."