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Temperatura na Europa sobe mais que o dobro da média mundial

19 de junho de 2023

Relatório aponta que Europa é o continente com ritmo de aquecimento mais acelerado. Ondas de calor mataram 16 mil pessoas na Europa em 2022.

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Seca na Suíça em 2022
Seca na Suíça em 2022Foto: FABRICE COFFRINI/AFP/Getty Images

A Europa é o continente que registra o ritmo de aquecimento mais acelerado devido às mudanças climáticas no mundo e sua temperatura média já é 2,3 °C superior à da era pré-industrial (1850 -1900), apontou um relatório conjunto da Organização Meteorológica Mundial (OMM) e de cientistas do programa europeu Copernicus divulgado nesta segunda-feira (19/06).

"A Europa é a região do mundo que está aquecendo mais rapidamente", alertou o professor Petteri Taalas, secretário-geral da OMM. O planeta inteiro registrou aquecimento de quase 1,2 °C devido às emissões de gases de efeito estufa, o que significa que, do Estreito de Gibraltar aos Urais, o ritmo de aquecimento é duas vezes mais rápido.

A OMM havia anunciado em novembro que a Europa registrava aquecimento ao ritmo de +0,5 ºC grau por década, ou seja, duas vezes mais rápido que a média do restante das cinco regiões meteorológicas mundiais.

Na maior parte da Europa, "as temperaturas elevadas exacerbaram as secas intensas e violentas, alimentadas por violentos incêndios florestais, responsáveis pela segunda maior superfície queimada já medida no continente até hoje", disse Taalas.

Calor matou 16 mil em 2022

Segundo a base de dados da OMM, os fenômenos meteorológicos, hidrológicos e climáticos na Europa em 2022 afetaram diretamente 156.000 pessoas e causaram 16.365 mortes, quase exclusivamente devido a ondas de calor, que concentraram 99,6% das mortes. A Europa registrou em 2022 seu verão mais quente da história e para países como Alemanha, Bélgica, Espanha, França, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Portugal, Reino Unido e Suíça foi o ano mais quente da sua história.

As inundações e tempestades representam 67% dos eventos e foram responsáveis pela maior parte dos prejuízos econômicos totais, cuja fatura ascendeu a US$ 2,13 bilhões.

"Infelizmente, isso não pode ser considerado uma ocorrência única ou uma estranheza do clima", disse o Dr. Carlo Buontempo, diretor do Copernicus Climate Change Service.

"Nossa compreensão atual do sistema climático e sua evolução nos informa que esses tipos de eventos fazem parte de um padrão que tornará os extremos de estresse térmico mais frequentes e intensos em toda a região", disse.

Cientistas alertaram para temperaturas elevadas à frente a níveis recordes em todo o mundo, à medida que o aquecimento excessivo resultante das mudanças climáticas mistura-se à tendência causada pelo El Niño.

A razão pela qual a Europa está aquecendo mais rápido do que outros continentes tem a ver com o fato de que grande parte do continente está no subártico e no Ártico - região de aquecimento mais rápido da Terra -, assim como mudanças nos feedbacks climáticos, disseram cientistas.

Ano de eventos extremos

No ano passado, ondas de calor marinhas severas e extremas foram relatadas em partes dos mares Mediterrâneo, Báltico e Negro, enquanto o derretimento das geleiras foi o mais alto já registrado, acrescentou o relatório.

"Este é o quarto ano consecutivo de seca na Península Ibérica e o terceiro nas regiões montanhosas dos Alpes e dos Pireneus", explica o relatório.

A França sofreu a pior seca já registrada desde 1976 entre janeiro e setembro, e o Reino Unido teve o período mais seco entre janeiro e agosto. As geleiras alpinas sofreram "uma perda de massa recorde em um ano, devido à pouca neve durante o inverno, a um verão muito quente e à chegada da poeira do Saara".

Desde 1997, as geleiras europeias perderam cerca de 880 km3 de gelo. As temperaturas médias da superfície do mar em toda a área do Atlântico Norte foram as mais quentes já registradas e grandes porções dos mares da região foram afetadas por ondas de calor marinhas fortes ou mesmo "extremamente severas".

Mas, no que a pesquisa chamou de sinal de esperança, a energia renovável foi responsável por mais eletricidade da UE (22,3%) do que o poluente gás fóssil (20%) pela primeira vez no ano passado.

jps (AFP, Reuters, EFE)