Tevês alemãs lucram com telefone
29 de fevereiro de 2004Big Brother foi o início de uma onda de programas do tipo "reality show" que desde então proliferam na tevê alemã e em outros países do mundo. Basta ver o sucesso do Big Brother Brasil.
Todos esses programas têm em comum o fato que os candidatos são submetidos a uma série de provas até sobrar um único, que leva o prêmio máximo. É uma fórmula simples e bastante eficaz, pois o público participa da competição, escolhendo os candidatos que permanecem.
E é justamente aí – explorando a interesse do público – que as tevês descobriram um novo filão para ganhar dinheiro. No capítulo final do seu reality show Ich bin ein Star - Holt mich hier raus! ("Sou um estrela – me tirem daqui"), a tevê RTL registrou 1,3 milhão de telefonemas.
Como cada ligação custa 49 centavos de euros, o que corresponde a R$ 1,78 em moeda brasileira, a votação popular rendeu 2,314 milhões de reais à RTL, só naquela noite.
Tevês e operadoras dividem o lucro
Mas não é só a tevê que sai ganhando. Dos 49 centavos de euro que custam cada ligação, a tevê RTL fica com 27 centavos e o resto (22 centavos) vai para a operadora Deutsche Telekom, que especializou-se nesse tipo de serviço para a mídia.
A tevê RTL, líder de audiência na Alemanha, oferece uma série de programas onde o telespectador é convocado a opinar por telefone: desde programadas de entrevistas, novelas e até transmissões de competições esportivas, como as corridas de Fórmula 1.
No início de 2004, a RTL lançou um programa de quiz durante a madrugada, para arrecadar dinheiro nas horas em que os comerciais de tevê são mais baratos.
Publicidade ainda é a principal fonte de renda
As ligações telefônicas ainda estão longe de concorrer com a publicidade na tevê, que são a principal fonte de renda das redes privadas alemãs.
Os números falam por si: a publicidade rendeu 4 bilhões de euros em 2002 enquanto as ações por telefone renderam180 milhões de euros em 2003. Os prognósticos apontam 250 milhões de euros em 2004.
Mas em alguns programas esta relação está invertida. O último capítulo do reality show "Sou um estrela – me tirem daqui" foi o primeiro programa em que o lucro com as ligações telefônicas superou a dos comerciais.
Os números exatos não foram divulgados, pois as tevês fazem mistério, temendo tanto a concorrência quanto uma imagem negativa. O público poderia pensar que está sendo enganado.
Mas será que os programas de televisão em que o público é convidado a opinar, não estão abusando da confiança do telespectador e, no fundo no fundo, não seriam uma forma de lesá-lo?