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Copa das Confederações testa organização do Mundial e seleção de Felipão

Marcio Damasceno13 de junho de 2013

Brasil enfrenta sua principal prova antes da Copa do Mundo com o desafio de vencer a desconfiança de parte da torcida e adversários de peso, como Itália, Espanha e Uruguai. México e Nigéria correm por fora.

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Foto: Getty Images

O relógio da contagem regressiva para a Copa do Mundo de 2014 marcava 365 dias, cinco horas, 41 minutos e 29 segundos, ao ser inaugurado na quarta-feira (12/06) na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. O tempo corre, e neste sábado já começa o ensaio geral para o torneio: a Copa das Confederações. "Vamos fazer uma excelente Copa do Mundo, sem dúvida", disse o ex-jogador Pelé durante a inauguração do monumento. Essa é a esperança que une Fifa e os organizadores brasileiros.

A Copa das Confederações tem participação de oito equipes. Além dos anfitriões brasileiros, Itália, Taiti, Espanha, México, Uruguai, Japão e Nigéria disputam o torneio. Até agora, só Brasil, como anfitrião, e Japão estão qualificados para a Copa do Mundo. Os dois, coincidentemente, fazem no sábado, em Brasília, a partida de abertura da competição – que é realizada em seis das 12 sedes do Mundial, testando, entre outros aspectos, logística, transporte e segurança.

Brasil: atrás da Costa do Marfim no ranking

O Brasil pode ser considerado um dos favoritos, apesar de atravessar fase difícil. O país não é só recordista em conquistas da Copa, com cinco títulos, mas também na Copa das Confederações, com três vitórias. Mas boa parte dos brasileiros está pouco animada com sua seleção. "Ainda não estamos preparados", pondera Pelé. "A seleção tem uma boa base, mas tem que organizar o meio de campo e jogar mais entrosada."

Maracana Stadion Brasilien
Estádio do Maracanã: arena sediará final da Copa de 2014Foto: Reuters

A um ano do mundial, o Brasil ainda busca de seu melhor futebol. Desde a eliminação da equipe de Dunga, nas quartas de final da Copa da África do Sul, parece cada vez mais longe o sonho brasileiro de recuperar a hegemonia no futebol.

O "país do futebol" ocupa hoje o pior lugar de sua história no ranking da Fifa: está na 22ª posição, com 822 pontos, menos da metade da líder, Espanha. Além de estar longe da arquirrival, Argentina, que vem em terceiro, o Brasil é superado por seleções de tradição muito menor, como Colômbia, Equador, México, Uruguai e Costa do Marfim.

Uma das críticas mais frequentes dizem respeito aos mais de dois anos "perdidos" desde o Mundial da África do Sul, quando a CBF programou vários amistosos com equipes sem peso, como China e Iraque, aparentemente por razões mais econômicas do que esportivas. Nesses jogos, o então treinador, Mano Menezes, começou a testar dezenas de jogadores, sem formar a base de uma equipe.

Neymar, principal esperança

O atacante Neymar, principal estrela da seleção brasileira, é o artilheiro da equipe, com 19 gols em 33 partidas. Mas ainda não conseguiu exibir na seleção os lances de genialidade que o fizeram brilhar no Santos e que motivaram o Barcelona a contratá-lo por 57 milhões de euros.

O técnico Luiz Felipe Scolari, que assumiu o comando em novembro passado, assegura que a única coisa que necessita para armar um time capaz de competir seriamente pela conquista do sexto título mundial é tempo para treinar. "A natureza não dá saltos", argumenta. A pressão já é grande sobre o treinador, sete meses depois de ele ter voltado ao cargo.

Neymar unter weltweiter Beobachtung
Neymar e Scolari: pressão é grande sobre brasileirosFoto: picture-alliance/dpa

O temor dos brasileiros de um fiasco histórico no Mundial foi atenuado no domingo passado, quando, depois de uma série de atuações decepcionantes sob o comando de Felipão, o Brasil derrotou por 3 a 0 seu "carrasco histórico", França, no último amistoso de preparação para a Copa das Confederações. Foi o primeiro triunfo sobre a França em mais de duas décadas e a primeira vitória sobre uma equipe de ponta do futebol mundial desde 2009.

Espanha é grande favorita

O grande favorito do torneio é a Espanha, que ganhou dois títulos europeus consecutivos (2008 e 2012) e a Copa de 2010. O atual campeão mundial cobiça o único título que ainda lhe falta. O time ainda não voltou a encontrar sua plena forma nos últimos tempos, como demonstraram em suas últimas vitórias suadas contra o Haiti (2 a 1) e a Irlanda (2 a 0), mas permanece invicto desde novembro de 2011.

Nas Eliminatórias para a Copa de 2014, superou um início discreto, venceu a França e está na ponta de seu grupo. O time de Vicente del Bosque tem uma base estável, cuja coluna vertebral é formada por jogadores do Real Madrid e do Barcelona, com quatro e nove representantes, respectivamente. Os espanhóis estreiam contra o Uruguai no domingo, em Recife.

A Itália, ainda que não esteja em boa fase, sempre pode surpreender. Depois de ter disputado uma bela Eurocopa, onde se sagrou vice-campeã, o time não tem obtido resultados convincentes. Em 2013, as vitórias da equipe se resumiram às fracas seleções de Malta e San Marino. Um destaque foi o frustrante empate contra o Haiti, por 2 a 2, em amistoso no Rio de Janeiro, já na preparação para a Copa das Confederações, embora os italianos tenham jogado com muitos reservas. A Azzurra estreia no domingo, contra o México, no Maracanã.

UEFA EURO 2012 Viertelfinale Spanien vs Frankreich
Mesmo longe da forma ideal, espanhóis são grandes favoritosFoto: Reuters

Uruguaios chegam animados

A seleção uruguaia chega com muito melhor ânimo do que se podia esperar há poucas semanas, com a  tranquilidade da vitória de terça-feira por 1 a 0 contra a Venezuela, que a colocou finalmente nos trilhos sua campanha nas Eliminatórias Sul-americanas para o Mundial de 2014.

O triunfo ajudou a redimir a equipe de sua atuação pobre numa eliminatória onde ocupa o quinto lugar na tabela, na zona de repescagem. A vitória por 1 a 0 sobre a França, num amistoso disputado na semana passada no estádio Centenário de Montevidéu, pareceu animar o treinador uruguaio, Óscar Tabárez, que busca injetar sangue novo ao envelhecido campeão sul-americano.

O bicampeão do mundo assegurou seu lugar na Copa das Confederações ao derrotar o Paraguai na final da Copa América de 2011. Com uma linha de ataque integrada por Luis Suárez, Diego Forlán e Edinson Cavani, o Uruguai é um rival que bota medo em qualquer adversário. E sua defesa e meio-campo também não carecem de talento, com jogadores como Nicolás Lodeiro e Gastón Ramírez. Os uruguaios terão uma estreia difícil, já que o primeiro embate é contra a campeã do mundo, Espanha, no domingo, em Recife.

UEFA EURO 2012 Halbfinale Deutschland vs Italien
Atacante Mario Balotelli é destaque da equipe italianaFoto: Reuters

Nigerianos e mexicanos como zebras

Correndo por fora, estão as seleções de México, Nigéria e Japão; além do campeão da Oceania, o Taiti, formado quase exclusivamente por jogadores amadores. Os mexicanos chegam ao Brasil com a cabeça ainda nas Eliminatórias da Copa. O atual campeão olímpico tem passado dificuldades.

O time venceu somente uma partida e empatou as outras cinco que disputou, ficando em terceiro lugar no hexagonal final da Concacaf. Em um grupo difícil, que inclui Itália, Japão e Brasil, os mexicanos terão que melhorar muito seu desempenho se quiserem fazer boa figura.

A Nigéria chega ao Brasil, no mais tardar, no sábado, em clima de protesto e crise interna. Nesta quinta-feira (13/06), os jogadores da seleção africada ameaçaram boicotar a Copa das Confederações e perderam o voo em que deviam embarcar em direção ao Brasil. Tudo por causa de desentendimentos envolvendo o pagamento de prêmios depois das últimas partidas dos campeões africanos pelas Eliminatórias da Copa.