Estudar na Alemanha
29 de agosto de 2011Custear os estudos na Alemanha já é difícil mesmo para os próprios estudantes alemães. Durante os estudos, três de cada quatro estudantes alemães trabalham para poder pagar suas contas.
Enquanto muitos conseguem estudar em universidades alemãs graças a programas de intercâmbio ou bolsas de estudos, outros não têm tanta sorte. As leis que regulamentam o horário de trabalho dos estudantes estrangeiros na Alemanha são muito rígidas.
A estudante brasileira Melize Colucci conta que se financia totalmente sozinha. Ela estuda na universidade de Hildesheim e faz Gestão da Informação como curso principal, e Política e Mídia como disciplina secundária. Como o visto de estudante só permite trabalhar 90 dias por ano, isso não era suficiente para ela se manter.
"Entrei com um pedido de permissão de trabalho quando comecei na atual empresa. Ele foi liberado e recebi permissão para trabalhar 19,5 horas por semana durante o semestre letivo ou 40 horas por semana nas férias".
Melize ganha de 550 a 650 euros por mês e, nas férias, ainda precisa trabalhar em feiras de eventos, pois as taxas semestrais na universidade onde estuda custam 750 euros. Segundo ela, o dinheiro é suficiente apenas para sobreviver. "É possível se manter como estudante sozinho, porém a gente tem que cortar muitas coisas. Já não vou ao Brasil há sete anos porque não consigo juntar grana para viajar".
Por causa do trabalho, Melize teve que atrasar um pouco seu curso. Ela vai se formar depois de 14 semestres. A duração normal do curso é de 11 a 12 semestres.
Já o professor de alemão Gláucio Rezende, do Instituto Goethe de São Paulo, conta que durante seu mestrado na Universidade de Jena, no leste alemão, ele se sustentou através de trabalhos temporários voltados para estudantes.
Numa jornada flexível, toda semana, os turnos eram divididos conforme a disponibilidade de cada um. Além disso, ele trabalhou como freelance para editoras alemãs de livros didáticos em português e ainda recebia uma pequena ajuda dos pais para pagar o plano de saúde, obrigatório na Alemanha.
Já o estudante Marcos Fábio de Faria fez um intercâmbio de dois semestres na Alemanha, também na Universidade de Jena, mas contou com uma bolsa de estudos apenas nos primeiros seis meses. No segundo semestre, ele ajudou um professor na própria universidade e dessa forma pode se sustentar até a volta ao Brasil.
Ajuda a universitários
Os custos de moradia na Alemanha variam muito de cidade para cidade. Gláucio dá a dica de procurar o mais rápido possível a Organização dos Serviços Sociais para Estudantes (Studentenwerk) da universidade. "É a forma mais barata e prática de se morar na Alemanha como estudante. Eles oferecem opções de alojamento individual ou em repúblicas. A vantagem são os aluguéis mais baixos e lavanderia no prédio."
Também Marcos viveu em uma moradia estudantil, mas para ele tudo havia sido resolvido pela universidade.
Melize se mudou de uma moradia universitária para um apartamento em Hannover, onde mora com o namorado. Mesmo distante da universidade, ela economiza no transporte público, pois com a carteirinha de estudante, ela viaja por todo o estado onde mora.
Melize, que divide todos os custos com seu namorado, acredita que o custo de vida na Alemanha seja mais baixo do que no Brasil. "É possível fazer mais coisas com menos dinheiro, mas o limite de trabalho para estudantes estrangeiros não deixa muito espaço para luxo. No mais o dia-a-dia aqui é bem em conta e livros são superbaratos."
Gláucio conta que uma das coisas de que mais gostou na Alemanha foi a acessibilidade à cultura. Apesar de Jena ser uma cidade de pouco mais de 100 mil habitantes, ela é muito agitada culturalmente, explica. "Uma cidade pequena (para os padrões brasileiros) como Jena oferece uma gama incrível de possibilidades culturais: cinema, teatro, festivais, música de qualidade... e tudo a um preço bem acessível".
Autora: Camilla Saloto
Revisão: Roselaine Wandscheer