Tribunal garante imprensa turca em julgamento de neonazistas na Alemanha
12 de abril de 2013O Tribunal Constitucional da Alemanha determinou nesta sexta-feira (12/04) que o Tribunal Superior Regional de Munique (TSR) reserve lugares para a imprensa estrangeira no julgamento de um membro e quatro cúmplices da organização neonazista Clandestinidade Nacional-Socialista (NSU, na sigla em alemão).
No processo de credenciamento, nenhum repórter turco conseguiu lugar para acompanhar o julgamento, causando indignação entre diplomatas, jornalistas, políticos e gerando queixas até do presidente da Turquia, Abdullah Gül.
A NSU é acusada de ter matado dez pessoas entre 2000 e 2007, oito delas de origem turca. Por isso, em sua decisão, a corte constitucional ordenou que a distribuição das cadeiras no TSR seja feita com "especial consideração às vítimas".
O julgamento, que começa nesta quarta-feira, é considerado o maior da Alemanha desde os anos 1970. A principal acusada é Beate Zschäpe, única sobrevivente do núcleo central do movimento extremista.
Ainda não está claro como será feita a redistribuição dos lugares. Os principais jornais, revistas, agências de notícias e emissoras da Alemanha têm assento assegurado no tribunal. Poucos veículos da imprensa internacional conseguiram um lugar no credenciamento original. Entre os ausentes não estão só os turcos, mas também nomes consagrados da mídia, como a emissora britânica BBC e o jornal americano The New York Times.
O tribunal explicou que as credenciais foram distribuídas na medida em que foram sendo solicitadas – quem pediu primeiro, levou. Os juízes disseram ainda que 123 jornalistas foram credenciados, mas apenas 50 conseguiram um assento no tribunal. O processo foi tachado de burocrático, insensível e incompreensível por políticos e parte da imprensa.
Também em relação a esses assentos destinados ao público houve polêmica, já que o tribunal não reservou lugar especial para o embaixador da Turquia na Alemanha e nem para o encarregado de direitos humanos do Parlamento turco. Sobre esse caso específico, o Tribunal Constitucional não se manifestou.
RPR/ ap/ afp/ dpa