Tribunal ordena prisão de jornalistas do "Cumhuriyet"
5 de novembro de 2016Um tribunal de Istambul ordenou neste sábado (05/11) a prisão formal de nove funcionários do jornal de oposição "Cumhuriyet", que esperam agora por seus julgamentos. Eles haviam sido detidos para averiguação na última segunda-feira
Entre os nove presos, está o editor-chefe do jornal, Murat Sabuncu, o cartunista Musa Kart e o colunista Kadri Gursel. Eles são acusados de ter ligação com militantes curdos e com o clérigo Fethullah Gülen, que Ancara diz estar por trás da tentativa de golpe de Estado em 15 de julho último.
O "Cumhuriyet" nega firmemente todas as acusações. O governo turco tem restringido o acesso do jornal a plataformas da rede social como Twitter e Facebook, como também à internet móvel. O diário, que continuou a ser publicado nesta semana apesar das detenções, confirmou a prisão de seus funcionários, postando em seu site uma manchete afirmando que as medidas "vão permanecer como uma desgraça da história."
O editor anterior do jornal, Can Dundar, foi preso no ano passado por publicar segredos de Estado relacionados com o apoio armado da Turquia a militantes sírios. A prisão de Dundar provocou críticas de ativistas e governos ocidentais, preocupados com o agravamento da situação dos direitos humanos na Turquia sob a liderança do presidente Recep Tayyip Erdogan. Dundar fugiu do país e vive agora em Berlim.
Fundado em 1924 pelo jornalista Yunus Nadi Abalioglu, o "Cumhuriyet" é um dos mais antigos jornais da Turquia. O diário esquerdista tem sido uma das vozes críticas ao presidente Erdogan e ao seu Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), de orientação islâmica.
Desde o golpe fracassado, 170 jornais, revistas, emissoras de TV e agências de notícias foram fechadas pelo governo de Erdogan, deixando 2,5 mil profissionais sem trabalho, afirmou a Associação de Jornalistas da Turquia, em comunicado protestando contra as prisões dos funcionários do "Cumhuriyet".
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