Tribunal paquistanês acusa ex-presidente por morte de Bhutto
20 de agosto de 2013O ex-líder militar do Paquistão, Pervez Musharraf, foi acusado formalmente nesta terça-feira (20/08) pelo assassinato da sua antiga rival, a ex-política oposicionista Benazir Bhutto, morta em 2007 durante um comício na corrida eleitoral pelas legislativas daquele ano.
De acordo com o promotor Chaudhry Azhar, que não detalhou exatamente o que Musharraf fez no âmbito do caso Bhutto, o ex-presidente foi acusado de assassinato, conspiração para cometer assassinato e assistência ao homicídio. Ele pode ser condenado à prisão perpétua ou até mesmo à morte.
O ex-líder militar é o primeiro dos quatro generais que comandaram o Paquistão a ser alvo de uma incriminação – uma acusação que não tem precendentes num país que viveu mais da metade de sua história sob poderio militar. Atualmente, Musharraf é alvo de vários processos e, por isso, está em prisão domiciliar.
Os problemas legais que o ex-presidente enfrenta quebraram vários tabus sobre a inviolabilidade do poder militar na sociedade paquistanesa e são consideradas um teste para o Exército e sua relação com o governo democraticamente eleito do novo primeiro-ministro Nawaz Sharif, tido como desafeto de Musharraf – este tomou o poder de Sharif em 1999, após um golpe de Estado.
Assassinato de Bhutto
Benazir Bhutto foi a primeira mulher a chefiar um governo no mundo islâmico. Foi eleita primeira-ministra duas vezes: em 1988 e em 1993. Bhutto foi vítima de um atentado durante um comício político em Rawalpindi, cidade vizinha da capital paquistanesa, Islamabad, onde fica o tribunal que oficializou a acusação.
Depois de anos no exílio, Benazir Bhutto havia voltado ao Paquistão em 2007 para participar das eleições legislativas, mas rapidamente se tornou alvo de ameaças de morte e pediu uma melhor proteção ao regime de Musharraf – agora, este está sendo acusado de não providenciar a proteção da carismática ex-líder oposicionista. Sua morte causou indignação e protestos em todo o país e acabou fazendo com que as eleições parlamentares fossem vencidas pelo partido de Bhutto, o Partido Popular do Paquistão (PPP). Seu marido, Asif Ali Zardari, assumiu a presidência naquela altura.
Musharraf retornou ao Paquistão do exílio em Dubai no mês de março, com o intuito de concorrer às eleições do dia 11 de maio deste ano. Sua candidatura, porém, não foi aceita. Além das acusações relacionadas ao assassinato de Bhutto, ele enfrenta diversos processos devido a irregularidades durante o seu antigo mandato.
Sob um esquema de segurança pesado, Musharraf compareceu ao tribunal, onde garantiu ser inocente. Desde que retornou ao país, insurgentes talibãs e organizações terroristas ameaçam promover ataques suicidas para matá-lo. Em 2001, Musharraf se posicionou ao lado dos EUA na chamada "guerra contra o terrorismo".
O juíz do tribunal de Rawalpindi marcou para 27 de agosto a próxima audiência para apresentar provas.
DM/ap/dpa/epd/afp