Troca de amabilidades
15 de setembro de 2003No próximo dia 23, o premiê alemão Gerhard Schröder deverá encontrar-se com o presidente norte-americano George W. Bush. Embora Washington e Berlim não tenham ainda confirmado oficialmente a data, a reunião entre os dois chefes de governo por ocasião da Assembléia Geral das Nações Unidas já é tida como certa.
A oposição democrata-cristã aposta em uma reconciliação definitiva nas relações bilaterais, após a longa pausa de um ano e meio sem qualquer espécie de diálogo direto entre os representantes dos dois países.
Fora de circulação – Menos de duas semanas antes do tão aguardado encontro, o ministro alemão do Interior, Otto Schily, em entrevista ao semanário Der Spiegel, não poupou palavras em relação ao governo norte-americano. Os EUA, segundo o ministro alemão, “ferem os fundamentos elementares do direito internacional” ao “tirarem de circulação” os cerca de 600 suspeitos de terrorismo em Guantánamo, sem qualquer espécie de procedimento jurídico.
As palavras de Schily são uma alusão às recentes declarações do secretário norte-americano da Defesa, Donald Rumsfeld, de que Washington não teria interesse em dar início a um processo judicial regular no caso dos prisioneiros. O ministro concluiu suas acusações dizendo esperar “que os EUA reconsiderem a situação e encontrem soluções racionais e respeitosas ao direito internacional”.
Nada de presentes – Enquanto isso, o ministro alemão da Defesa, Peter Struck, confirma que a Alemanha definitivamente não enviará soldados ao Iraque. “Nós não precisamos dar qualquer tipo de presente para os americanos”, disse o ministro em entrevista à emissora de televisão ZDF.
Embora os dois governos não venham trocando amabilidades nos últimos meses, Struck afirmou haver uma “disponibilidade básica” de Berlim em oferecer formação técnica a policiais e soldados iraquianos.
As declarações do secretário de Estado norte-americnao, Colin Powell, de que a presença de soldados alemães no Iraque não seria necessária foi comentada com indiferença por Struck. “Isso não me alegra, nem me surpreende”, afirmou o ministro, salientando que no momento já estão estacionados cerca de 200 mil soldados estrangeiros no país – a maioria deles proveniente dos EUA e do Reino Unido. “Não vejo necessidade de ainda mandar os nossos”, finalizou o ministro.