Trump ameaça banir aplicativo de vídeo TikTok nos EUA
1 de agosto de 2020O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta sexta-feira (31/07) que vai proibir a rede social chinesa TikTok em seu país, alegando razões de segurança nacional.
Autoridades de segurança e parlamentares americanos já haviam expressado preocupações de que o TikTok, cuja popularidade vem aumentando rapidamente nos EUA, possa ser uma ferramenta dos serviços de inteligência chineses.
Trump anunciou a medida durante uma conversa com jornalistas no avião presidencial Air Force One. "No que diz respeito ao TikTok, vamos bani-lo dos Estados Unidos", afirmou. "Eu tenho essa autoridade. Posso fazê-lo com uma ordem executiva", sublinhou, sugerindo que a decisão deverá ser formalizada neste sábado.
A medida anunciada por Trump surgiu após uma análise do Comitê de Investimentos Estrangeiros dos EUA (CFIUS), que investiga possíveis ameaças à segurança nacional, e que lançou dúvidas quanto ao uso seguro da rede social.
Autoridades americanas expressaram dúvidas quanto à segurança dos dados dos usuários e de possíveis vínculos com o Partido Comunista Chinês. No início de julho, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, acusou Pequim de utilizar o TikTok como ferramenta de espionagem e de distribuição de propaganda. A empresa ByteDance, que desenvolveu a plataforma, nega qualquer ligação com o governo em Pequim.
O TikTok, utilizado pelos usuários para compartilhar vídeos de curta duração, é bastante popular entre os adolescentes. Estima-se que o aplicativo já tenha conquistado em torno de um bilhão de pessoas em todo o mundo.
A empresa se recusou a comentar a fala de Trump, afirmado apenas que confia no "sucesso em longo prazo" do TikTok. "Centenas de milhares de pessoas acessam o TikTok para entretenimento e para se conectar, além de nossa comunidade de criadores e artistas que tiram seu sustento da plataforma", afirmou a rede social em nota.
O TikTok assegurou que possui alto nível de transparência, inclusive ao permitir o acesso a seus algoritmos como forma de tranquilizar usuários e agências reguladoras. "Não somos políticos, não aceitamos propaganda política e não possuímos uma agenda", afirmou Kevin Mayer, CEO da rede social, em postagem na última semana. "O TikTok se tornou o mais recente alvo, mas nós não somos o inimigo."
Sabotagem a evento de campanha de Trump
Segundo relatos na imprensa americana, usuários do aplicativo chinês e fãs de bandas pop coreanas (K-Pop) teriam conseguido sabotar o primeiro evento da campanha eleitoral para a reeleição de Trump após pandemia de covid-19 se espalhar pelos EUA.
Eles afirmam ter reservado centenas de milhares de ingressos para o evento em Tulsa, no Oklahoma, após a equipe eleitoral convidar os apoiadores de Trump a se registrarem por telefone para obter um ingresso gratuito.
Vídeos postados na rede social explicavam como proceder para reservar as entradas. A articulação transcorreu através da "Alt TikTok", uma plataforma alternativa do serviço. Para que o plano não viesse à tona antes da hora, diversos usuários apagaram suas postagens após alguns dias, evitando que a iniciativa aparecesse também em outras plataformas.
A equipe de Trump contava com a presença de cerca de 100 mil adeptos. O próprio presidente anunciara no Twitter que "quase 1 milhão de pessoas" haviam solicitado ingressos para o evento gratuito. Entretanto, as imagens da arena esvaziada ganharam amplo destaque na imprensa mundial e geraram um enorme constrangimento para Trump.
RC/lusa/afp
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