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Trump anuncia retirada dos EUA do Acordo de Paris

1 de junho de 2017

Ignorando apelos de ambientalistas, aliados e empresas tradicionais americanas, presidente retira país de tratado climático histórico, assinado por quase 200 países, e enfraquece esforços para frear aquecimento global.

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O presidente Donald Trump durante discurso na Casa Branca
O presidente Donald Trump durante discurso na Casa BrancaFoto: Reuters/K. Lamarque

O presidente americano, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira (01/06) que decidiu retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris. Assinado em 2015 por quase 200 países, o tratado prevê a redução das emissões de gases do efeito estufa, numa tentativa de frear o aquecimento global.

Opinião: A favor do clima, mesmo sem Trump

"A partir de hoje, os EUA interromperão todas as implementações do Acordo de Paris e os encargos financeiros e econômicos draconianos que o pacto impõe ao nosso país", declarou Trump em pronunciamento à imprensa na Casa Branca.

O presidente justificou que o tratado, assinado por seu antecessor, Barack Obama, oferece a outros países uma vantagem injusta sobre a indústria americana e destrói empregos em seu país. "O acordo pune os EUA", disse. "Fui eleito para representar os cidadãos de Pittsburgh, não de Paris."

Assista: discurso de Trump sobre o Acordo de Paris

Trump adiantou que tentará renegociar um acordo sobre mudanças climáticas que seja "melhor" e mais vantajoso aos Estados Unidos. "Estamos saindo, mas começaremos a negociar e veremos se podemos fazer um acordo justo. Se pudermos, será ótimo. Se não, tudo bem também."

Em resposta, os governos de Alemanha, França e Itália emitiram um comunicado conjunto destacando que o "acordo não será renegociado". Na mesma nota, os países europeus lamentaram o anúncio do presidente americano, uma reação que foi reverberada na comunidade internacional, de líderes estrangeiros às Nações Unidas.

Promessa de campanha, a decisão já havia sido antecipada pela imprensa americana na quarta-feira, citando fontes oficiais com conhecimento direto sobre o assunto.

A saída definitiva do acordo, no entanto, ficará nas mãos dos eleitores americanos. Isso porque o tratado prevê um processo de retirada que pode levar até quatro anos, justamente para evitar que a decisão seja tomada por apenas um presidente. Se Trump não for reeleito, o próximo chefe de governo pode voltar atrás na decisão do republicano.

Ainda assim, o anúncio é um golpe notável para líderes estrangeiros, ativistas do clima, executivos e mesmo membros da equipe do presidente que tentaram aconselhá-lo a seguir em outra direção.

Aliados, ambientalistas, empresas tradicionais americanas e setores da população se posicionaram veementemente contra a saída do pacto. Segundo pesquisas, dois terços dos americanos são a favor de que os EUA honrem os compromissos assumidos no Acordo de Paris. Companhias como Coca Cola, Apple, Tesla, e Chevron também defenderam a implementação das medidas de proteção ambiental.

No último fim de semana, enquanto participava da cúpula de líderes do G7 na Sicília, o presidente afirmou em mensagem no Twitter que tomaria a "decisão final" sobre o assunto nesta semana. Segundo a Casa Branca, Trump queria escutar os parceiros do G7, o grupo das sete democracias mais industrializadas do mundo, antes de tomar uma decisão a respeito.

Durante sua campanha eleitoral, Trump criticou duramente o Acordo de Paris e questionou as mudanças climáticas, fenômeno que chegou a qualificar de "invenção" dos chineses. Já como presidente, ele decidiu iniciar um processo para revisar se interessaria aos EUA continuar fazendo parte do pacto.

O tratado assinado na capital francesa estabelece metas para reduzir as emissões globais de gases causadores do efeito estufa, bem como diminuir o uso de combustíveis fósseis, limitando o aquecimento global ao máximo de 2 ºC acima dos níveis pré-industriais.

Em março, em mais um episódio de sua guerra contra o clima, Trump assinou um decreto dando fim ao chamado Clean Power Plan, projeto central da política ambiental de seu antecessor, Barack Obama. Implementado em 2015, o plano fixava limites para as emissões de CO2 por usinas elétricas, obrigando-as a reduzir suas emissões em um terço em comparação com os valores de 2005.

"Meu governo está colocando um fim à guerra contra o carvão. Com esta ordem executiva, tomo um passo histórico para acabar com as restrições à energia americana, reverter a intrusão do governo e cancelar regulamentações que acabam com empregos", disse o presidente na ocasião.

EK/dw/ap/afp/efe/rtr/ots