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Trump continua sendo ameaça, diz acusação no impeachment

12 de fevereiro de 2021

Democratas encerram apresentação do caso no Congresso e dizem que ataque ao Capitólio foi auge de governo marcado por mentiras e retórica violenta. Ex-presidente, afirmam, tem que ser cassado para preservar a democracia.

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O julgamento de Trump: democratas parecem ainda não ter votos para impedir o ex-presidente
O julgamento de Trump: democratas parecem ainda não ter votos para impedir o ex-presidenteFoto: Senate Television/AP/picture alliance

Os deputados democratas que exercem o papel de promotores no julgamento político de Donald Trump encerraram nesta quinta-feira (11/10) a apresentação da acusação com a conclusão de que o ex-presidente não só incitou o ataque ao Capitólio, como continua sendo uma ameaça à democracia americana. Por isso, argumentaram, deve sofrer impeachment e perder seus direitos políticos.

Segundo a tese da acusação, o ataque ao Capitólio foi o ápice de uma presidência assolada por mentiras e retórica violenta. Com um apaixonado apelo aos senadores, que estão servindo como jurados e testemunhas, os nove democratas escolhidos para tocar o caso declararam Trump "esmagadoramente culpado" de incitar o motim de 6 de janeiro.

"Trump difundiu mentiras para incitar o ataque violento contra o Capitólio, nossas forças de segurança e todos nós, e depois mentiu novamente à sua base para dizer-lhes que estava tudo bem, que tudo isso era aceitável", declarou o democrata Ted Lieu, em discurso no Senado.

"O presidente Trump não era apenas um cara com opiniões políticas que apareceu num comício em 6 de janeiro e fez comentários controversos", disse, por sua vez o deputado Joe Neguse, um dos promotores. "Ele era o presidente dos EUA. E ele havia passado meses usando o poder único daquele cargo (...) para espalhar aquela grande mentira de que a eleição havia sido roubada para convencer seus seguidores a 'parar o roubo'."

Nesta quinta, os nove "promotores" completaram seus argumentos antes de dar lugar aos argumentos da defesa, que começarão nesta sexta-feira.

Trump enfrenta a acusação de ter incitado a insurreição pelo ataque ao Capitólio por uma multidão de seus seguidores, que invadiram a sede do Congresso no momento em que as duas câmaras realizavam uma sessão conjunta para endossar a vitória do democrata Joe Biden nas eleições de novembro.

Minutos antes do ataque, o então presidente, que na época ainda não havia reconhecido sua derrota eleitoral, havia feito um discurso na Casa Branca no qual convocava seus apoiadores a marcharem até o Congresso e reiterou suas alegações mentirosas de que houve fraude no pleito.

Tudo indica que o julgamento acabará no fim de semana. O congressista republicano Roy Blunt, que representa o estado do Missouri, disse a repórteres que o final poderia ser já no sábado, enquanto a democrata Debbie Stabenow espera um desfecho no máximo até o início da tarde de domingo.

Para conseguir uma resolução condenando Trump, os democratas precisam do apoio de dois terços do Senado. Isso é incerto ainda, já que eles têm 50 cadeiras e ainda não sinais claros de que haja republicanos suficientes dispostos a votar contra o ex-presidente.

Uma votação separada decidirá sobre a cassação dos direitos políticos do ex-presidente caso ele seja condenado no Senado. Para essa segunda sentença, bastaria uma maioria simples dos senadores. 

Imagens inéditas mostram momentos dramáticos

Na quarta-feira, segundo dia do julgamento , os democratas exibiram imagens, em parte inéditas, da violenta  invasão do Capitólio  por apoiadores do ex-mandatário.

As cenas foram capturadas por câmeras de segurança do Capitólio, a sede do Congresso em Washington, e exibidas aos senadores. Elas mostram  como uma multidão de apoiadores de Trump invadiu o prédio, entrou em confronto com a polícia e esteve a poucos metros de chegar aos congressistas e ao então vice-presidente Mike Pence. É possível ver também as  forças de segurança pedindo reforços, e os manifestantes, com tacos de beisebol e gás lacrimogêneo, pedindo a morte de Pence.

Cenas da invasão do Capitólio já vinham circulando desde o dia do incidente, mas a compilação exibida aos senadores nesta quarta reconstruiu os fatos momento a momento, oferecendo novos detalhes sobre os invasores, ações heroicas da polícia e de desespero de congressistas.

Os vídeos inéditos mostram políticos sendo retirados às pressas do plenário durante a sessão que certificava a vitória eleitoral de Joe Biden. A invasão deixou cinco mortos, incluindo uma manifestante morta pela polícia e um policial morto pela multidão.

As imagens exibidas do Senado revelaram  ainda cenas de invasores procurando e ameaçando a presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi, e o vice-presidente, aos gritos de "Enforquem Mike Pence".

Pence – que presidia a sessão de certificação eleitoral, desafiando as alegações sem provas de Trump de que houve fraude nas urnas – foi conduzido às pressas para um escritório onde se refugiou com a família, a cerca de 30 metros de onde se encontravam os invasores.

Pelosi também foi escoltada por forças de segurança. Os escritórios da democrata, alvo frequente da retórica violenta de Trump, foram invadidos, enquanto manifestantes gritavam: "Nancy, onde você está?"

"Sabemos dos próprios manifestantes que se tivessem encontrado a presidente [da Câmara] Pelosi, eles a teriam matado", afirmou Stacey Plaskett, integrante da acusação democrata contra Trump.

rpr/lf (Reuters,AP,Efe)