Trump culpa ambos os lados por violência em Charlottesville
16 de agosto de 2017Um dia depois de posicionar claramente contra supremacistas brancos, o presidente americano, Donald Trump, culpou nesta terça-feira (15/08) também grupos antirracismo pela violência em Charlottesville, no estado americano da Virgínia.
"Eu acho que houve culpa em ambos os lados e não tenho nenhuma dúvida sobre isso", disse Trump, durante uma entrevista coletiva em Nova York. "Houve um grupo de um lado que foi mal e houve um grupo do outro lado que também foi muito violento", acrescentou.
O presidente destacou que ainda há fatos desconhecidos sobre o incidente e classificou o episódio como "terrível". Trump reforçou que nem todos que participaram dos protestos na cidade eram neonazistas ou supremacistas brancos.
Questionado sobre sua primeira declaração, Trump defendeu com veemência sua resposta. "Antes de fazer uma declaração, preciso dos fatos", ressaltou e explicou que, quando fez seus primeiros comentários, não sabia, por exemplo, que o ex-líder da Ku Klux Klan David Duke estava presente na marcha.
A retórica inicial vaga de Trump sobre o incidente foi alvo de críticas de republicanos e democratas. A primeira reação do presidente foi condenar o "o ódio e o fanatismo" e qualificar de "terrível" o episódio, mas sem citar expressamente os supremacistas brancos que tinham convocado a marcha.
A retórica presidencial levou um porta-voz da Casa Branca a tentar aplacar as críticas ao dizer que, quando condenou a violência, Trump também se referia a "supremacistas brancos, KKK, neonazistas e todos os grupos extremistas".
Apesar da pressão, o presidente mantinha-se em silêncio depois da primeira declaração. Porém, na segunda-feira, se posicionou claramente contra os supremacistas brancos e o racismo.
Caos e violência
A cidade universitária de cerca de 50 mil habitantes na Virgínia, a apenas 200 quilômetros de Washington, foi tomada pelo caos no sábado em meio a violentos choques provocados pela marcha de supremacistas brancos. Um motorista investiu contra um grupo de manifestantes pacifistas depois que a passeata fora cancelada pelas autoridades. Como consequência, uma mulher de 32 anos morreu e outras 20 pessoas sofreram ferimentos de distintas gravidades.
A marcha supremacista foi convocada para contestar a decisão de Charlottesville de remover a estátua do general Robert E. Lee de um parque no centro da cidade, considerado atualmente um símbolo da defesa da escravatura e do racismo.
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