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Trump denuncia "comportamento desestabilizador" russo

6 de julho de 2017

Presidente americano tem recepção calorosa na estratégica Polônia e, na véspera de encontro com Putin, admite possibilidade de que atividades russas podem ter ajudado em sua vitória eleitoral.

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Trump e o presidente polonês, Andrzej Duda, após encontro em Varsóvia
Trump e o presidente polonês, Andrzej Duda, após encontro em VarsóviaFoto: Reuters/C. Barria

Em visita à Polônia nesta quinta-feira (06/07), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lançou críticas contra o governo em Moscou, um dia antes de seu primeiro encontro com o líder russo, Vladimir Putin, na ocasião da cúpula do G20 em Hamburgo, no norte da Alemanha.

Em discurso em Varsóvia após um encontro com o presidente Andrzej Duda, o republicano afirmou que está trabalhando em conjunto com o governo polonês na tentativa de dissuadir o "comportamento desestabilizador" da Rússia em relação ao país vizinho.

A Polônia tem recebido tropas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em seu território, a fim de fazer frente à ameaça partindo de Moscou, que teria estacionado em Kaliningrado armas nucleares táticas. Somente Washington enviou cerca de 5 mil soldados, lembrou Trump.

O presidente americano também mencionou a suspeita de que o governo russo interferiu nas eleições presidenciais americanas em 2016. Apesar de concordar com a acusação contra Moscou, ele disse acreditar que "outros países" podem ter feito o mesmo. Trump não nomeou esses países, alegando que "ninguém realmente sabe com certeza".

Sobre esse tema, o republicano voltou a acusar seu antecessor, Barack Obama, de estar ciente da interferência russa durante o processo eleitoral. Trump afirmou que o democrata "se engasgou" e "não fez nada" sobre o assunto à época, porque acreditava que Hillary Clinton, que concorria por seu partido, venceria o pleito.

Trump chegou na noite de quarta-feira a Varsóvia, onde teve uma recepção bem mais calorosa do que a que provavelmente lhe espera em Hamburgo durante o encontro do G20.

Além da reunião com o presidente polonês, também está na agenda um encontro com chefes de Estado e governo de 12 países do Leste Europeu às margens dos mares Báltico, Adriático e Negro.

O grupo, que é conhecido como Iniciativa dos Três Mares, busca reduzir a dependência da região da energia que vem da Rússia. A iniciativa foi apresentada por Duda em maio e, segundo ele, é uma das prioridades de seu governo.

A Polônia é um dos principais aliados dos Estados Unidos na Europa, e presidentes americanos costumam ter recepções calorosas no país. Além disso, é também um importante parceiro na Otan e um mercado promissor para o gás obtido com fracking nos EUA.

O encontro com Putin é um dos pontos mais esperados da reunião do G20 em Hamburgo: se, de um lado, há semelhanças entre os dois chefes de Estado, do outro, Trump se encontra sob pressão política devido ao escândalo de ingerência russa na campanha eleitoral nos EUA.

A interferência do Kremlin nas últimas eleições americanas, com o suposto objetivo de ajudar na vitória de Trump, praticamente monopolizou o debate político americano desde o pleito, realizado no início de novembro do ano passado.

Agências de inteligência americanas garantem que a Rússia esteve por trás dos ciberataques a organizações e operadores do Partido Democrata antes da eleição presidencial. Rejeitada por Moscou, a conclusão é apoiada também por empresas de segurança cibernética.

Trump também está sob pressão devido a acusações de que, antes de demiti-lo, pediu ao então diretor do FBI James Comey que encerrasse a investigação da agência sobre as ligações com a Rússia do ex-conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca Michael Flynn.

EK/dpa/ap/rtr/ots