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Trump diz que "Brexit suave" pode "matar" acordo com os EUA

13 de julho de 2018

Presidente americano diz que estratégia de Theresa May para saída do Reino Unido da UE não corresponde à vontade dos eleitores britânicos e diz que rival Boris Johnson seria um excelente primeiro-ministro.

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Theresa May e seu esposo, Philip, recebem Trump e Melania para jantar de galaFoto: picture-allianc/empics/S. Rousseau

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez nesta quinta-feira (12/07) fortes críticas à estratégia do governo britânico para o Brexit, afirmado que ela praticamente vai "matar" um possível acordo de livre-comércio entre seu país e o Reino Unido.

As declarações, dadas em entrevista ao tabloide britânico The Sun, foram divulgadas pouco antes do início da visita oficial do presidente americano a Londres e elevaram a pressão sobre a primeira-ministra britânica, Theresa May, que enfrenta uma forte oposição interna ao seu plano para a relação futura entre o Reino Unido e a União Europeia (UE).

Na entrevista ao diário londrino, Trump afirmou que o projeto apresentado por May não corresponde ao que os eleitores britânicos desejavam quando votaram pela saída do Reino Unido da UE no referendo de junho de 2016. Ele disse ainda que a primeira-ministra não quis ouvir suas sugestões sobre como negociar um acordo com o bloco europeu.

"Eu teria feito bem diferente", disse Trump. "Eu disse à Theresa May como ela teria de fazer, mas ela não me ouviu. Ela quis tomar um caminho diferente. Eu diria que ela tomou o caminho contrário", disse o presidente. Segundo ele, o plano de May significa que, ao negociarem com o Reino Unido, na prática os EUA estarão negociando com a UE.

"O acordo que ela está fechando é bem diferente daquele no qual as pessoas votaram", criticou o americano. "Não foi o acordo que estava no referendo. É tudo o que tenho ouvido nos últimos três dias. Soube que houve várias renúncias, o que quer dizer que muitos não gostam disso."

Em semana tumultuada, May teve que lidar com as renúncias do negociador britânico para o Brexit, David Davis, e do ministro do Exterior, Boris Johnson, que rejeitaram a contestada estratégia do governo. Na entrevista, Trump teceu elogios a Johnson, afirmando que ele poderia ser um excelente primeiro-ministro para o Reino Unido.

"Relacionamento especial" em xeque

Trump já havia criticado a estratégia de May para o chamado "Brexit suave" ao final da reunião de cúpula da Otan, marcada pelo tom agressivo utilizado pelo americano com os demais parceiros da aliança. "Brexit é Brexit", disse o presidente em Bruxelas.

Críticas tão duras de um presidente americano a um chefe de governo britânico, especialmente durante uma visita oficial ao Reino Unido, são inéditas e podem gerar abalos no chamado "relacionamento especial" entre os dois países.  

Durante uma recepção de gala para o presidente americano no Palácio Blenheim, May insistiu que sua estratégia para o Brexit permitirá que o país desenvolva seus próprios acordos comerciais com países como os EUA, após deixar a UE em março do próximo ano. Ela afirmou que o plano "cria uma oportunidade para criar um acordo de livre comércio que possa gerar empregos no Reino Unido e nos EUA".

A porta-voz da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, tentou aplacar a controvérsia gerada pelas declarações de Trump, afirmando que "o presidente admira e respeita muito a primeira-ministra". Ela destacou que, na entrevista ao The Sun, Trump declarou que "jamais disse algo ruim" sobre May. Segundo a porta-voz, o presidente se sente grato pela "maravilhosa recepção" que teve no Reino Unido.

Mais de cem protestos contra Trump

Trump e May terão uma reunião formal nesta sexta-feira, na qual discutirão, entre outros temas, a Rússia. O encontro ocorre pouco antes da reunião entre o americano e o presidente Vladimir Putin na Finlândia, nesta segunda-feira.

As relações entre o Reino Unido e a Rússia sofreram abalos recentes em razão do episódio envolvendo o ataque químico ao ex-espião russo Serguei Skripal e sua filha Yulia, que Londres atribuiu a Moscou.

Temendo protestos contra sua presença, o americano não comparecerá a eventos de alto nível que devem ocorrer em Londres. Uma manifestação de grande porte está marcada para esta sexta-feira na capital britânica. Um gigantesco balão com a figura de Trump, retratado como um bebê de fraldas, foi colocado próximo ao Parlamento britânico.

O prefeito de Londres, Sadiq Khan, um dos muitos desafetos de Trump, autorizou a utilização do balão na manifestação. Em 2017, Kahn criticou duramente o americano por publicar mensagens com informações falsas após ataques terroristas ocorridos na capital britânica. Na entrevista ao The Sun, o americano disse que o prefeito londrino tem feito "um péssimo trabalho" no combate ao terrorismo, associando os atentados à imigração.

Trump vai se reunir nesta sexta-feira com a rainha Elizabeth 2ª no Castelo de Windsor, antes de passar o fim de semana na Escócia, numa visita particular a um resort de sua propriedade. A passagem dele pelo país também deverá ser cercada por manifestações.

A polícia britânica calcula que devem ocorrer mais de cem protestos durante os quatro dias da visita do presidente americano ao Reino Unido.

RC/afp/rtr

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