Trump fala em "caça às bruxas" contra Sessions
3 de março de 2017O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, saiu nesta quinta-feira (02/03) em defesa do procurador-geral Jeff Sessions, acusado de ter mentido sobre contatos com autoridades russas durante seu processo de confirmação no Senado e cuja renúncia foi pedida por democratas.
"Jeff Sessions é um homem honesto. Ele não disse nada de errado", afirmou Trump em mensagem publicada no Twitter. Embora tenha admitido que Sessions "poderia ter respondido de forma mais precisa" nas audiências, o republicano defendeu que qualquer falta de clareza "não foi intencional".
"Essa narrativa é uma forma de os democratas manterem as aparências após perderem uma eleição que todos pensavam que eles venceriam. Os democratas estão se excedendo. Perderam as eleições e agora perderam a noção da realidade", acusou o presidente. "É uma verdadeira caça às bruxas".
Nesta semana, o jornal The Washington Post revelou que Sessions realizou duas reuniões com o embaixador russo em Washington, Serguei Kislyak, durante a campanha presidencial no ano passado. Os encontros aconteceram em julho e setembro, em meio a uma tempestade política pela suposta ingerência do governo russo nas eleições americanas por meio de ataques cibernéticos.
Sessions, apoiador de Trump e assessor político do candidato republicano, não divulgou que manteve essas comunicações durante sua audiência de confirmação no Senado, em janeiro, quando foi questionado se alguém afiliado à campanha presidencial teria tido contato com os russos.
Após a revelação dos encontros, o Partido Democrata intensificou suas críticas contra Sessions, afirmando que a explicação dele sobre as comunicações com o embaixador russo em 2016 é "simplesmente inacreditável". A líder da minoria democrata na Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, acusou o procurador-geral de mentir sob juramento e exigiu que ele renuncie.
Nesta quinta-feira, Sessions afirmou, em pronunciamento à imprensa, que se afastará de qualquer investigação do Departamento de Justiça sobre a possível interferência do Kremlin no pleito presidencial. Ele ainda disse que nunca chegou a discutir sobre a eleição americana com qualquer funcionário ou intermediário russo e descartou uma possível renúncia ao cargo, como clamam os democratas.
O episódio ameaça criar uma nova crise no governo republicano, depois da renúncia, em fevereiro, do então assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, o general Michael Flynn, que também manteve contatos com o embaixador Kislyak antes da posse de Trump. Por sua parte, o presidente sempre negou qualquer tipo de conexão de sua campanha presidencial com o Kremlin.
EK/afp/dpa/ap/lusa/efe