Trump afirma que Rússia não interferiu na eleição americana
16 de julho de 2018Apesar de o serviço de inteligência americano apontar o contrário, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a rejeitar que tenha havido ingerência da Rússia nas eleições de 2016, em entrevista ao lado do presidente russo, Vladimir Putin, nesta segunda-feira (16/07) em Helsinque, na Finlândia.
Segundo Trump, a investigação sobre a suposta interferência é "um desastre" para os Estados Unidos e "manteve distantes" Washington e Moscou. Putin, por sua vez, afirmou que a Rússia jamais interferiu nem pretende interferir em eleições americanas ou outros assuntos internos dos Estados Unidos.
Questionado se acredita nas suas agências de inteligência – que acusam a Rússia de ingerência – ou em Putin, Trump desconversou. "O presidente Putin diz que não foi a Rússia. Eu não vejo nenhum motivo para que tenha sido", respondeu.
Putin, por sua vez, afirmou que queria que Trump vencesse a eleição porque "ele queria normalizar as relações com a Rússia" e negou que tenha algum material comprometedor sobre Trump. O líder russo argumentou que, na época em que esteve em Moscou, o atual presidente americano era somente um homem de negócios. "Eu nem sabia que ele estava em Moscou", disse.
Trump qualificou a reunião de mais de duas horas de um bom começo para todos. "Acredito que foi um bom princípio. É um começo muito, muito bom para todos", disse Trump aos jornalistas no início de um almoço de trabalho, do qual participaram também ministros e assessores das duas delegações.
Já Putin afirmou que as conversações transcorreram numa "atmosfera franca e de trabalho" e foram "muitos exitosas e úteis". Segundo ele, ambos concordaram em garantir a fronteira de Israel com a Síria com base no acordo de 1974.
A conversa entre os dois governantes, que estavam acompanhados apenas de seus intérpretes, começou às 14h10 (8h10 em Brasília) no Palácio Presidencial da capital finlandesa e durou duas horas e dez minutos, ou seja, 40 minutos mais do que o previsto.
Depois, Trump e Putin se dirigiram para um almoço de trabalho com alguns de seus principais ministros e assessores, entre eles seus respectivos titulares do Exterior, Mike Pompeo e Serguei Lavrov.
Putin não fez declarações à imprensa ao começo do almoço, embora no início da reunião a sós com Trump tenha pedido que se falasse dos "pontos de tensão no mundo" sobre os quais as duas potências têm posturas diferentes.
Trump previu que desenvolveria uma relação "extraordinária" com Putin, porque ao seu julgamento "o mundo quer" que ambos tenham uma boa relação. "Realmente acredito que o mundo quer que tenhamos uma boa relação", disse Trump a Putin ao começo do encontro.
"Acho que, como países, temos grandes oportunidades juntos. Não temos nos dado muito bem durante os últimos anos, eu não estou há tanto tempo no poder, mas já são quase dois anos. E acredito que acabaremos tendo uma relação extraordinária", previu Trump, que ressaltou sua ideia de que se dar bem com a Rússia "é algo bom, não ruim".
O líder americano lembrou que Putin e ele lideram "as duas grandes potências nucleares do mundo", e disse que "isso não é algo bom, mas ruim". "Espero que possamos fazer algo a respeito, porque isso não é um fator positivo, é um fator negativo. Falaremos disso, entre outras coisas", afirmou.
"Teremos conversas sobre todos os assuntos, desde o comércio até as Forças Armadas, e sobre a China, falaremos um pouco sobre a China, sobre o nosso amigo em comum, o presidente Xi (Jinping)", ressaltou Trump, que disse que tanto ele como Putin tentarão encontrar respostas às suas perguntas.
Por sua vez, Putin evitou falar sobre o estado dos laços bilaterais ou o futuro da relação, e se mostrou contente de poder se reunir com Trump em solo finlandês. "Chegou a hora de falar minuciosamente, tanto das relações bilaterais como dos diferentes pontos de tensão no mundo, e são muitos", afirmou Putin em russo.
O chefe do Kremlin indicou que mantém contatos permanentes com seu colega americano.
AS/efe/lusa/ots
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