1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Três meses após morte de Marielle, família exige respostas

14 de junho de 2018

Em protesto no Ministério Público do Rio convocado pela Anistia Internacional, pais e companheira da vereadora pedem maior atuação da Justiça na resolução do assassinato. "Foi um crime político", opina procurador-geral.

https://p.dw.com/p/2zVx8
Mônica Benício
Mônica Benício, companheira de Marielle, pressiona por esclarecimentos sobre a morteFoto: Agência Brasil/Tânia Rêgo

A Anistia Internacional realizou nesta quarta-feira (13/06) uma manifestação em frente ao prédio do Ministério Público do Rio de Janeiro, exigindo da entidade um papel mais ativo nas investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes.

O crime cometido na cidade do Rio de Janeiro, que chocou o país e provocou reações indignadas em todo o mundo, completa três meses nesta quarta-feira, 14 de junho, ainda sem solução.

Mônica Benício, viúva de Marielle, e Antônio Francisco da Silva, pai da vereadora, participaram do protesto, reforçando a pressão por uma resolução do assassinato. Vestidos de amarelo, ativistas seguravam letras com as frases: "Três meses sem resposta. Quem matou Marielle Franco?".

Benício e familiares de Marielle, incluindo sua mãe, Marinete da Silva, acompanhados de representantes da Anistia Internacional, foram ainda recebidos pelo procurador-geral de Justiça do Rio, Eduardo Gussem, no final da manhã.

Em redes sociais, a organização informou que, durante a reunião, entregou a Gussem um ofício exigindo que o Ministério Público supervisione a atuação da polícia nas investigações e assegure a participação de uma equipe de promotores no caso.

Em declaração à imprensa, o procurador-geral reafirmou seu compromisso com a elucidação dos crimes. "Estamos levantando todos os esforços em busca dos esclarecimentos necessários. É importante que cheguemos aos verdadeiros culpados", disse.

"É óbvio que uma investigação dessa magnitude, dessa complexidade, leva um período significativo, e não estamos abrindo mão de qualquer tipo de informação ou relacionamento", acrescentou.

Gussem declarou ainda que, para o Ministério Público, "não há dúvida alguma de que se tratou de um crime político". "Foi um crime para calar uma das maiores – se não a maior – representantes dos direitos humanos hoje em dia no nosso país", destacou.

Marielle Franco
Em manifestação no Rio, ativistas lembram o aniversário de 90 dias do crime que abalou o BrasilFoto: Agência Brasil/Tânia Rêgo

A companheira de Marielle manifestou a mesma opinião em relação à motivação do assassinato. "Foi um crime político. A gente só pode concluir que tem uma pessoa muito poderosa por trás disso", declarou Benício.

"É fundamental que continuemos cobrando a Justiça. Principalmente entendendo que vivemos num país que tem memória tão curta, às vésperas da Copa do Mundo. Vamos continuar lutando e cobrando respostas", acrescentou a viúva.

Os pais da vereadora carioca também pressionam por respostas. "Que tenhamos uma notícia mais concreta. São três meses de dor, de muita luta. A família precisa, a sociedade precisa", afirmou a mãe, Marinete da Silva, a jornalistas.

"Exigimos que essa resposta seja dada. Foram 30 dias passados e não tivemos respostas, 60 dias passados, não tivemos resposta, agora estamos com 90 dias, que serão completados amanhã e ainda não temos a resposta. O mundo todo quer essa resposta. Quem mandou matar a minha filha? Quem que matou?", questionou o pai, Antônio Francisco da Silva.

Marielle, de 38 anos, e Anderson, de 39, foram assassinados em 14 de março no bairro do Estácio, região central do Rio, quando saíam de um evento no qual a vereadora palestrava. O carro foi alvejado por vários disparos, dos quais quatro atingiram a cabeça de Marielle.

As investigações sobre o crime – que levou multidões às ruas no mundo todo para manifestar solidariedade e cobrar explicações – seguem sob sigilo, embora uma série de informações tenham sido reveladas pela imprensa brasileira.

 Marielle Franco
Marielle era uma notável defensora dos direitos humanos no RioFoto: CMRJ/Renan Olaz

Para a Anistia Internacional, é importante que o sigilo seja preservado, mas o silêncio sobre o caso reforça a sensação de impunidade.

"É uma questão de priorizar recursos, priorizar tempo, priorizar atenção e decidir politicamente que esse caso não vai ficar sem solução. É isso que a gente espera das autoridades, que se comprometam publicamente", disse Renata Neder, coordenadora de pesquisa e políticas da organização.

A diretora executiva da Anistia, Jurema Werneck, também fez pressão. "Para garantir a competência e independência na apuração do caso, o Ministério Público deve exercer seu poder de investigação e cumprir o papel de controle externo das atividades policiais através de seus grupos especializados."

Werneck enfatizou ainda a importância de que o processo "seja realizado em tempo hábil, siga todos os padrões éticos e o devido rito legal".

Em sua página na internet, a Anistia Internacional abriu uma petição para cobrar às autoridades uma investigação urgente e imparcial do crime, um julgamento justo dos suspeitos, medidas para garantir assistência às famílias das vítimas e proteção imediata às testemunhas. Mais de 40 mil pessoas já assinaram.

EK/abr/ots

___________

A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube | WhatsApp | App | Instagram