Três quartos dos alemães querem Merkel até o fim do mandato
6 de setembro de 2019Quase três quartos dos alemães querem que a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, permaneça no cargo até o fim de seu mandato em 2021, segundo sondagem realizada pelo Instituto de Pesquisas Wahlen (FGW) a pedido da emissora pública ZDF.
Divulgada nesta quinta-feira (05/09), a pesquisa surge dias depois de o partido de Merkel, a União Democrata Cristã (CDU), e seu parceiro na coalizão federal de governo, o Partido Social-Democrata (SPD), terem visto o apoio a ambos despencar nas eleições regionais nos estados de Brandemburgo e Saxônia, no último domingo.
Os dois partidos obtiveram vitórias apertadas, em meio a um avanço do partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que ficou em segundo lugar em ambos os estados do Leste alemão.
Apesar do susto, a coalizão governista – que também inclui a bávara União Social Cristã (CSU) – recebeu índices bastante satisfatórios de aprovação na sondagem nacional. Segundo a pesquisa, o apoio aumentou de 50% em agosto para 62% em setembro.
Entre os entrevistados, 72% querem que a chamada Grande Coalizão seja mantida até o fim do mandato, 12 pontos percentuais a mais do que no mês de junho. Já 22% preferem que o governo atual termine antes do prazo. Em junho, esse total era de 34%.
A permanência de Merkel na chefia de governo é apoiada por 73% dos entrevistados. Os índices mais positivos foram registrados entre os eleitores da CDU, com 88% a favor de que Merkel termine seu mandato até o fim. Surpreendentemente, essa avaliação é compartilhada por 85% dos apoiadores do Partido Verde.
Ao mesmo tempo, outra pesquisa, realizada pela emissora pública ARD, apresentou resultados bem diferentes, com 67% dos entrevistados se dizendo insatisfeitos com a coalizão de governo. Ainda assim, o mesmo levantamento afirma que 61% querem a permanência de Merkel e seus parceiros de governo até o final do mandato.
No sistema político alemão, a permanência do chefe de governo no cargo é vinculada à maioria parlamentar, formada pelos partidos que compõem a coalizão governista, cuja estabilidade está sujeita ao ambiente político.
Em 2018, desentendimentos entre a CDU e sua irmã bávara, a CSU, em relação à política de imigração e de fronteiras geraram temores de uma ruptura, o que poderia resultar no fim da aliança e na obrigatoriedade de se convocarem novas eleições.
Na pesquisa da ZDF, a CDU/CSU tem a preferência de 28% do eleitorado. Em segundo lugar está o Partido Verde, com 25%, à frente do SPD, que soma 15%. A AfD é a preferida de 13% dos entrevistados, seguida de A Esquerda (7%) e do Partido Liberal Democrático (FDP, com 6%).
Se os números são favoráveis a Merkel, o mesmo não pode ser dito sobre sua possível sucessora, a líder da CDU e ministra da Defesa, Annegret Kramp-Karrenbauer. Segundo a ZDF, 71% duvidam de sua capacidade de liderar o partido com sucesso daqui para frente. Na pesquisa da ARD, 66% expressaram insatisfação com seu desempenho.
A pesquisa da ZDF revelou ainda que quase metade dos eleitores acham que o SPD deveria se direcionar mais à esquerda, após anos de coalizão liderada pela conservadora Merkel. Segundo o levantamento, 44% dos eleitores – e 45% dos apoiadores do SPD – esperam que o partido tome posições mais esquerdistas do que nos dias atuais.
A permanência do SPD na coalizão com as conservadoras CDU e CSU foi questionada por metade dos entrevistados e por 45% dos membros do próprio partido, que acreditam que a legenda social-democrata deveria atuar na oposição.
O SPD foi parceiro de coalizão em três dos quatro governos de Merkel, totalizando dez anos de aliança. Nesse período, a legenda viu o apoio popular diminuir drasticamente.
Para a pesquisa da ZDF, o FGW entrevistou 1.270 eleitores entre segunda e quarta-feira desta semana.
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