Tumultos abalam Beirute após funeral de chefe do serviço secreto libanês
21 de outubro de 2012Cresce o temor de uma guerra civil no Líbano, após um atentado ter matado o chefe do serviço secreto da polícia do país. Milhares de pessoas protestaram neste domingo (21/10) em Beirute, provocando tumulto na capital do país. Manifestantes tentaram invadir a sede do governo e foram repelidos pela polícia com bombas de gás lacrimogêneo.
A polícia disparou para o ar e usou gás lacrimogêneo para impedir os manifestantes de invadirem a sede do governo. Muitos deles tinham acompanhado, numa mesquita próxima, o funeral do chefe de inteligência da polícia libanesa, Wissan al Hassan, morto na sexta-feira num atentado a bomba, que causou a morte de outras sete pessoas. A maioria dos manifestantes era formada de sunitas, cristãos e drusos, muitos agitavam bandeiras libanesas.
Possíveis conexões com Damasco
Os protestos foram convocados por líderes da oposição, que acusam a Síria de planejar o atentado e o governo libanês de apoiar o regime do presidente Bashar al Assad. O ministro do Exterior francês, Laurent Fabius, também vê uma conexão entre o atentado e o conflito na Síria.
O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, e o presidente do país, Michel Suleiman, falaram explicitamente durante o funeral em uma ligação entre o ataque a Wissan al Hassan e a prisão do ex-deputado Michel Samaha. Samaha foi preso por Hassan, sob acusação de importar explosivos por encomenda do serviço secreto sírio.
Sunitas são os mais revoltados
A oposição, crítica ao regime da Síria, tira partido do luto pelo assassinato do chefe da inteligência libanesa. Desde sexta-feira ocorreram manifestações em diversas cidades contra o governo do Líbano. Especialmente os sunitas estão revoltados.
Hassan pertencia aos muçulmanos sunitas. Ele era ligado ao movimento de oposição da maioria sunita 14 de Março, liderado por Saad Hariri, filho do primeiro-ministro Rafik Hariri, assassinado em 2005. Muitos também acusaram na época a Síria de envolvimento no atentado a Hariri.
O ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, expressou preocupação com o perigo de uma piora na situação da região. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, comunicou por telefone seu apoio ao presidente, Michel Suleiman, e ao primeiro-ministro Mikati.
MD/dapd/afp/dpa/rtr
Revisão: Alexandre Schossler