Turquia decreta luto nacional após ataque
11 de outubro de 2015A Turquia iniciou neste domingo (11/10) um período de três dias de luto nacional, após o atentado ocorrido em uma manifestação pacífica em Ancara, que matou ao menos 95 pessoas e deixou centenas de feridos.
O ataque deste sábado, o maior ocorrido no país em muitos anos, tinha com alvo manifestantes pró-curdos que se reuniam para um protesto em frente à estação central da capital turca.
O primeiro-ministro da Turquia, Ahmet Davutoglu sugeriu que rebeldes curdos ou os extremistas do "Estado Islâmico" (EI) estariam por trás do atentado e afirmou que existem "fortes indícios" de que tenha sido realizado por um ou mais terroristas suicidas.
Até o momento, nenhuma organização assumiu a autoria do ataque à manifestação, que pedia o fim da violência e mais democracia na Turquia.
Líderes de diversas nações em todo o mundo condenaram o atentado. A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, expressou "tristeza e consternação" em relação ao que chamou de "atos de covardia diretamente voltados aos direitos civis, à democracia e à paz".
"Estou convencida de que o governo e a sociedade turca permanecerão unidos nessa hora, reagindo com unidade e democracia", acrescentou a chanceler.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em telefonema a seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que seu país continuará comprometido com o apoio à Turquia no combate ao terrorismo.
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, declarou que não existem justificativas para o que chamou de "ataque horrendo à pessoas que se manifestavam pacificamente". "Todos os aliados da Otan permanecem unidos na luta contra o flagelo do terror", ressaltou.
Milhares de pessoas em Ancara, Istambul e outras cidades turcas participaram de protestos condenando o atentado.
Oposição denuncia omissão do governo
O ataque ocorreu num período bastante conturbado na Turquia. O país realiza ofensivas contra rebeldes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que resultaram em centenas de mortes.
O PKK divulgou uma declaração após o atentado, pedindo o fim das hostilidades, para que as eleições ocorram pacificamente no dia 1º de novembro.
O líder do partido pró-curdo HDP, Selahattin Demirtas, culpou o governo turco, que chamou de "Estado assassino", por envolvimento no atentado deste sábado, levantando suspeitas sobre a omissão das autoridades que não agiram para prevenir o ataque.
Neste domingo, milhares de pessoas que compareceram ao funeral de uma das vítimas do atentado gritavam slogans acusando Erdogan e o governo de não tomar as precauções necessárias para evitar o atentado.
Erdogan é acusado por muitos de agravar as tensões com os curdos, com o intuito de angariar apoio à sua legenda, o Partido pela Justiça e Desenvolvimento (AKP), que perdeu a maioria parlamentar nas eleições de junho, em parte, pelo êxito eleitoral do HDP.
RC/afp/ap