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Ucrânia acusa Rússia de enterrar civis em valas coletivas

22 de abril de 2022

Fotos de satélite mostram supostas covas coletivas junto a uma estrada. Autoridades locais dizem que até 9 mil pessoas podem ter sido enterradas dessa forma.

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Foto de satélite de uma estrada junto a um terreno
Imagem mostra o que podem ser mais de 200 valas coletivas perto de estradaFoto: Satellite image ©2022 Maxar Technologies via AP Photo/picture alliance

Imagens de satélite divulgadas pela empresa privada Maxar Technologies mostram o que parecem ser covas coletivas abertas recentemente em um cemitério já existente no vilarejo de Manhush, a 20 quilômetros a noroeste de Mariupol, cidade sitiada há semanas e praticamente reduzida a ruínas pelos bombardeios russos.

As fotos, tiradas em 3 de abril, mostram mais de 200 possíveis valas em várias fileiras, escavadas ao longo de mais de 300 metros junto a uma estrada. As supostas valas são reconhecíveis como áreas escuras perto de trechos de terra revolvida. De acordo com as imagens de satélite, grande parte das valas foi escavada a partir de 26 de março.

As autoridades locais acusam a Rússia de enterrar até 9 mil civis ucranianos em covas coletivas, em um esforço para esconder o massacre que estaria ocorrendo na cidade portuária.

"Caminhões carregam os mortos e simplesmente os despejam no aterro. Essa é uma evidência direta de crime de guerra e uma tentativa de encobri-lo", afirmou Piotr Andriushchenko, assessor do prefeito de Mariupol, Vadym Boichenko.

Não houve reação imediata do Kremlin às imagens de satélite. Quando valas comuns e centenas de civis mortos foram descobertos em Bucha e outras cidades ao redor de Kiev, depois da retirada das tropas, há três semanas, as autoridades russas negaram que seus soldados tivessem matado civis na região e acusaram a Ucrânia de encenar as atrocidades. O presidente russo, Vladimir Putin, ainda homenageou em 18 de abril a tropa apontada como responsável pelo massacre de civis em Bucha.

Retirada de civis suspensa

Para esta sexta-feira (22/04), não estavam previstos corredores humanitários para a retirada de civis de regiões sitiadas. Segundo as autoridades ucranianas, o perigo nas rotas é grande demais. "Para aqueles que esperam ser levados a um lugar seguro: sejam pacientes, por favor, esperem firmes", apelou a vice-primeira-ministra ucraniana, Irina Vereshchuk, em seu canal no Telegram.

Nesta quinta-feira, a Rússia afirmou que controla Mariupol, apesar do foco de resistência nas instalações da fábrica Asovstal, um grande complexo siderúrgico na cidade. O governador da região à qual pertence Mariupol, Pavlo Kyrylenko, descreveu nesta sexta-feira como "muito difícil" a situação dos soldados refugiados na siderúrgica.

Ele disse que os bombardeios continuam no local, mas que os combatentes "resistirão pelo tempo que for necessário". O governador descreveu o desfecho dos combates em Mariupol como decisivo para todo o curso da guerra. "O sucesso da ofensiva russa no sul depende do destino de Mariupol." Segundo Kyrylenko, também há cerca de 300 civis no complexo industrial de Mariupol.

O Ministério da Defesa da Rússia disse também nesta sexta-feira que a Rússia está "pronta a qualquer momento" para um cessar-fogo no complexo industrial. Um pré-requisito para tal "pausa humanitária" seria que os soldados ucranianos levantem uma bandeira branca.

md/bl (AFP, AP, DPA)