Ucrânia diz estar quase sem munição na frente de batalha
10 de junho de 2022A Ucrânia está perdendo para a Rússia na linha de frente da guerra e o país agora depende quase exclusivamente de armas do Ocidente para resistir à invasão, de acordo com uma autoridade ucraniana citada em reportagem publicada pelo jornal britânico The Guardian nesta sexta-feira (10/06).
O vice-chefe de inteligência militar da Ucrânia, Vadym Skibitsky, disse à publicação que o futuro da guerra na Ucrânia está sendo decidido na atual linha de frente no Donbass, região no leste do país, e que falta munição às tropas ucranianas.
"Estamos perdendo em termos de artilharia", afirmou, acrescentando que tudo depende agora do que o Ocidente fornecer a Kiev em termos de armamento, já que "a Ucrânia possui uma peça de artilharia para de dez a 15" dos russos.
A Ucrânia está usando de 5 mil a 6 mil tiros de artilharia por dia, de acordo com Skibitsky. "Nós quase esgotamos todas as nossas munições [de artilharia] e agora estamos usando projéteis de calibre 155 da Otan", afirmou.
Macron promete mais armas
O presidente francês, Emmanuel Macron, disse ao presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, que seu país entregará mais armas pesadas à Ucrânia.
O Palácio do Eliseu informou na noite de quinta-feira que Macron enfatizou em um telefonema com Zelenski que a França está do lado de Kiev em sua batalha contra as tropas russas invasoras. Os dois líderes também discutiram as necessidades militares, financeiras e humanitárias de Kiev.
A França já forneceu à Ucrânia obuseiros Caesar e treinou soldados ucranianos para usá-los.
Contra-ataques ucranianos
Apesar da falta de munições, Zelenski afirmou em um vídeo divulgado na noite de quinta-feira que várias "cidades no Donbass, que os ocupantes agora consideram alvos-chave, estão resistindo".
Ele acrescentou que as forças ucranianas fizeram avanços positivos nas regiões de Zaporíjia e Kharkiv, fora de Donbass, onde estariam em processo de "libertar nossa terra".
O Ministério da Defesa da Ucrânia disse nesta sexta-feira que atingiu posições militares russas em Kherson, que fica ao norte da península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, e uma das primeiras regiões tomadas por Moscou em fevereiro.
"Nossa aeronave realizou uma série de ataques a bases inimigas, locais com equipamentos e pessoal e depósitos em torno de cinco assentamentos diferentes na região de Kherson", afirmou a pasta em um comunicado.
As autoridades de Moscou que ocupam Kherson promoveram um referendo sobre a integração à Rússia, repetindo uma votação controversa realizada na Crimeia em 2014, e anunciaram que o rublo russo agora seria usado na região.
Resistência em Sievierodonetsk
Militares ucranianos também afirmaram que suas tropas ainda resistem na importante cidade de Sievierodonetsk, no Donbass, apesar dos intensos ataques russos.
"Os ocupantes, com a ajuda de unidades de fuzileiros motorizados e artilharia, realizaram operações de assalto na cidade de Sievierodonetsk. Eles não foram bem sucedidos; os combates continuam", disse o Estado Maior das Forças Armadas da Ucrânia em um comunicado nesta sexta-feira. Os militares ucranianos disseram que repeliram as forças russas da vila de Toshkivkha, localizada perto de Sievierodonetsk.
Mas o governador local, da província de Lugansk, Serguei Haidai, disse que as forças russas destruíram um grande centro esportivo na cidade: "Um dos símbolos de Sievierodonetsk foi destruído. O Palácio de Gelo foi incendiado."
Avanços russos
As Forças Armadas russas afirmaram ter atacado vários alvos militares durante a madrugada desta sexta-feira. No aeroporto de Dnipro, aeronaves das Forças Armadas ucranianas teriam sido destruídas com mísseis terra-ar.
Na área de Kharkiv, oficinas de reparo de armas foram visadas, segundo o porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov.
Além disso, mais de 500 soldados ucranianos teriam sido mortos na frente de batalha e vários depósitos de munição teria sido destruídos. Konashenkov afirmou ainda que foram abatidos dois caças e cinco drones.
As informações fornecidas pelas partes em conflito não puderam ser verificadas de forma independente.
md/bl (AFP, AP, Reuters, ots)